segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

No tempo do jejum

Foi uma das experiências interessantes que tive na minha vida, jejuar. Não era por opção religiosa, mítica, nada disso. Queria emagrecer e pronto. Li um livro que defendia a ideia apontando os benefícios que a restrição de comida, por meio do jejum, causaria. Durante uns 6 meses, jejuei regularmente, às vezes por 24 horas, outras por 36, chegando até a 48 horas, a abstenção. 

O meu raciocínio pra defender o jejum ia além do livro. Se o homem moderno não tem saúde, uma das razões é a comilança desenfreada. Segundo a teoria da evolução das espécies de Wallace e Darwin, os seres evoluem, mas muito lentamente. A coisa deve se processar na casa dos milhões de anos. De tal sorte, que o homem, ou a mulher, pra não discriminar o sexo, de hoje é o mesmo de 200, de 20.000 anos atrás. Porém seu estilo de vida mudou abruptamente. O ser que tinha de caçar, trepar em árvores, colher nozes e frutas, buscar diariamente o alimento, flechando animais, sob pena de sucumbir, passando dias sem conseguí-lo, pois bem, hoje tem carro, super-mercado na porta, geladeira e fogão à sua serventia. Não precisa praticamente gastar calorias pra comer, e come a toda hora. 

De tal sorte que a mesma máquina, que vivia em regime frugal de quase constante abstinência, está submetida hoje a um turbilhão de substâncias que o estômago tem de digerir rapidamente, pra que mais substâncias lhe empanturrem o bucho. Assim, não me causa surpresa o resultado da pesquisa do link abaixo, sobre os benefícios do jejum, mesmo não podendo avaliá-la cientificamente, que isso é da competência de profissionais da saúde e não minha.Tem de se alertar também que um homem de 40 anos, nos antigamentes da vida, devia de ser uma raridade. As doenças o levavam pra cova bem cedo. Não havia vacinas, antibióticos etc.

Sim, mas e o resultado dos meus jejuns que tâ chegando a quarta feira de cinzas, época de jejuar? Respondo. As primeiras horas do jejum, incomodavam um pouco. Não sentia dores de cabeça, pois fazia uma exceção à xícaras de café sem açúcar. Até corria em jejum, o que, dizem os profissionais, ser altamente desaconselhável fazê-lo. Pode dar uma pilora, minha mãe preocupadíssima, em vão, me alertava. Quando o jejum se prolongava por 24 horas ou mais, a fome deixava de existir e eu chegava a sentir um suor frio pelo corpo. Serenava. Se Jesus jejuou por 40 dias, por que não aguentaria uns poucos 3 dias?


Dizem que o peso que perdia nessas ocasiões provinha mais dos músculos, do tutano (medula) dos ossos, colágeno e menos da gordura, que eu ainda tenho, e muita. Sei não. Isso é muito complicado pra mim. Mas acho que a ciência devia estudar melhor o jejum e deixar de lado ideias pré-concebidas, bem como interesses do negócio dos alimentos, ou como diz um amigo Célio, o negócio da comida. É querer demais. Né não?


George Alberto de Aguiar Coelho

Um comentário:

  1. Grande George,
    Gostei deste artigo, a meu ver passamos mais de 90% da nossa evolução como caçadores-coletores e hoje em dia destruímos este estilo de vida e criamos um artificial para o qual não evoluímos, por isso somos doentes e infelizes, nosso perfil lipídico é a maior prova disto. Para voltarmos ao passado proponho os esportes no lugar da guerra e da caça, o jejum voluntário no lugar da fome e o emagrecimento para um IMC=18,5 para termos o perfil lipídico que a nossa evolução genética nos programou.
    Nunca mais te vi, por onde andas?

    Esdras
    http://ferreira67.hd1.com.br/longevid.htm

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