quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Seu Senador, me conte um leriado

Seu Senador, por favor!
Me conte um leriado,
Que esse raivoso eleitor
Só véve contrariado.
Responda logo de vez,
Que o povo anda arretado.
O que foi que a gente fez
Pra viver sob o comando
De quem faz tanto desmando
Sem ser punido na lei?

Achar agulha em palheiro
Tal e qual é no Senado.
Só sendo muito abestado
Pra aguentar mais um Calheiro.
Ainda mais, novamente,
De novo... ser presidente.
Pra que serve o Senado,
Não bastasse um Sarney
Que o presidiu quatro vez?
Mais melhor é tá fechado.

George

Mais:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=493616134013728&set=a.115442961831049.6251.100114543363891&type=1&theater

Nota:

"Que o presidiu quatro vez?
Mais melhor é tá fechado."
Gente culta desgosta desse falar
E eu não gosto é do Senado.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Esculacho

Vão eleger presidente,
Pra presidir o senado,
Um cara encalacrado,
Com um ar de inocente.
Nem que fosse meu parente,
Assinaria em baixo,
Que isso é um esculacho
Que se comete com a gente

Revoada de Prefeitos

Quando essa quantidade medonha de prefeitos sai em revoada, com gastança de dinheiro público, pra reunião em Brasília atrás de grana, usando o argumento de que os municípios brasileiros estão sem verbas, percebo que um primeiro passo pra se ajeitar o Brasil é fundir prefeituras, num processo inverso ao que foi feito, por interesses políticos. Uma por uma prefeitura fundida, de tal maneira que voltássemos à situação política de 50 anos atrás. Retrogredir pro bom, é progresso, em verdade. Prefeito tá reclamando? Sai do cargo, Excelência; funde o município de tua cidade com o município da cidade vizinha. Os dois municípios, a população deles e a de todo o Brasil, agradecem. Afinal, Voltaire disse que : "O melhor governo é aquele em que há o menor número de homens inúteis" 

George



Tradução do texto para o espanhol, feita pelo Google.

Cuando esta cantidad horrible de los alcaldes deja en vuelo, el despilfarro de dinero público, a una reunión en Brasilia tras el dinero, con el argumento de que los municipios carecen de fondos, me doy cuenta de que el primer paso es fijar Brasil es la fusión de municipios, un proceso inverso a lo que se hizo por intereses políticos. Una a una se fusionó municipio, para que podamos volver a la situación política hace 50 años. Pro Retrogredir bueno, es el progreso hecho. Mayor're quejas? ¡Fuera de la oficina, Excelencia; fusiona la ciudad de su ciudad con el municipio vecino de la ciudad. Los dos municipios, la población de ellos y de todo Brasil, gracias. Después de todo, Voltaire dijo: "El mejor gobierno es aquel en el que haya el menor número de hombres inútiles"


George

Obs. Quer melhorar o traduzido? Por favor me envie a sua versão.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Pelos jovens de Santa Maria. Pelos jovens do Brasil.

A horrenda tragédia foi em Santa Maria, cidade de jovens universitários, coração do Rio Grande do Sul. Foi em Santa Maria, mas poderia ter sido em qualquer uma das grandes cidades brasileiras. 

Em Fortaleza, por exemplo, quantas casas de shows, buffets, casas de festas temos seguras? Quantas são fiscalizadas? Quantas têm saídas de emergência à altura de sua lotação? Quantas têm os seus equipamentos de segurança em dia? Em quantas os agentes responsáveis pela segurança têm treinamento adequado? Quantas casas obedecem as lotações máximas? Quantas têm alvarás de funcionamento em dia? Desconfio que poucas, bem poucas, estão em regulares condições de segurança. Vale o improviso. Vale a ganância de quem explora o serviço.

Por exemplo, há alguns meses, vi aqui um grande teto metálico de um buffet, cair estrondosamente. Sorte é que foi antes de ser inaugurado e ninguém estava embaixo. Reconstruíram-no e inauguraram-no, sem alaridos. Ontem, teve festa nele. Gente demais. Estacionamento lotado? Não, ruas vizinhas lotadas de não se poder quase entrar onde se mora, que o buffet não tem estacionamento. E se houvesse uma emergência em que se necessitasse da ação de bombeiros? Absolutamente, não poderiam chegar com presteza ao local. 

Incomoda nessas casas o barulho dos infernos. Não é incomum o ritmo de bate-estacas, porém é o de menos tal incômodo. O ruim é a insegurança. O ruim é não ter a quem reclamar dos desmandos. A fiscalização faz ouvidos de mercador. Como uma prefeitura e órgãos controladores diversos liberam pra funcionamento casas assim?  Por que não são fiscalizadas? Não sei. O fato é que liberam e a fiscalização nelas inexiste. O fato é que os donos do negócio faturam alto na exploração de um produto inseguro, perigoso para a população. Vale a ganância; dane-se a responsabilidade.

E depois só nos resta prantear as preciosas vidas de tantos jovens que se perderam tão inutilmente, como aconteceu em Santa Maria. Vidas em começo, vidas promissoras, vidas que não poderiam ser perdidas. Acontecimento trágico. Famílias dilaceradas para sempre. Brasil de luto. Brasil que não protege o que tem de melhor: sua juventude. Desesperança. Domingo tristíssimo.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Canelinha e a Revolução Paulista de 1932

Corria a Revolução Paulista de 1932 e o governo federal abria inscrições pra voluntários irem ao campo de batalha. O paraibano poeta, Canelinha, danou-se a ser o primeiro a se alistar. E alistou-se foi ligeiro. Corria o caminhão pra frente de batalha e Canelinha, inquieto na carroceria, inesperadamente começou a contar pros soldados os contras do alistamento. E foi dando um desânimo no Canelinha: que não era homem de brigas, não; que tinha sentimento cristão; que não sabia nada de matar; que gostava mesmo era do amor... E foi a viagem inteira desfiando suas contra-razões pra peleja futura. Chegado no desembarque, vendo o astral pra baixo do poeta, um oficial começou a  encorajá-lo e tentou de tudo, mas não desanuviou nada dos pensamentos do Canelinha. Era caso perdido. O oficial, no sem jeito mesmo, e sabendo das destrezas poéticas do nosso ex-futuro-herói, disse que, se o Canelinha tivesse de desistir da luta, era obrigado então a relatar em versos o porquê da covardia. Aí o Canelinha abriu-se ligeiro feito bala:

"Não me leve para a guerra;
Não me faça essa surpresa.
Pois não tenho natureza
De ver meu sangue na terra.
Me deixe em cima da serra.
Lá por dentro dos buracos
Pra viver com os macacos;
Embora passando fome:
Depois escreva meu nome 
No livro dos homens fracos."

George Alberto

Fonte:
Antologia Ilustrada dos Cantadores. Francisco Linhares e Otávio Batista.
Ed. UFC. 1976 Fortaleza-Ce. p.289.


O Tempo - Frei Antonio das Chagas

Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta,
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.

Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!

Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo...

Autor: Frei Antonio das Chagas (1631, Vidigueira, Portugal / 1682 - Varatojo, Portugal)


Também, sobre o tempo:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=198608466948241&set=a.126586050817150.26192.126419364167152&type=1

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Na ponta da asa

Pra quem anda de avião em terras brasilis, ou melhor, em nuvens brasilis, não deve ser coisa de assustar, não. Dizem que andar de avião é bem mais seguro do que andar de carro. Acredito, com os dedos fazendo figa. É, deve ser mais seguro mesmo. Principalmente, pra quem viaja em rodagens no estado de emburaquês plena e se defronta com motoristas aperreados julgando-se ases imortais. O fato é que o Brasil tá na ponta. Apenas que na ponta de baixo da lista das empresas de aviação mais seguras do mundo. Foram listadas, em ordem de segurança, 60 delas. Pegamos as posições 57 e 59. Em último lugar, está uma companhia aérea chinesa. Assim, duas de nossas (não sei se continuam brasileiras) companhias aéreas estão próximas a segurar a lanterna. Enquanto aumentam os assentos nos vôos e distribuem amendoim a bordo, que ninguém é besta pra perder viagem. Não sei se nesse campeonato aéreo há rebaixamento. Sei porém que o levantamento dos dados é de responsabilidade da Europe's Jet Airliner Crash Data Evaluation Centre (JACDEC). Ôpa! Crash??? É nome que não convêm se pronunciar, nem pensar. Pra alívio da gente, Deus é brasileiro. Tóc, tóc, tóc.
George Alberto.

Fonte:
http://www.foxnews.com/travel/2013/01/10/world-safest-airlines-revealed/#ixzz2Iz4aAnr3

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Siupé e a fundação de Sobral – José Ivo Santos Viana

Autor: José Ivo Santos Viana

É fato conhecido na história do Ceará que, apesar de ter sido “descoberto” pelos europeus antes da vinda de Cabral, a ocupação do seu território só viria a acontecer mais de cem anos depois.
Desde o “descobrimento”, vários pontos do Brasil foram habitados, porém somente no ano de 1534 ocorreu a primeira tentativa de colonização das terras descobertas com a instituição pelo rei de Portugal Dom João III das Capitanias Hereditárias, que consistia na divisão da colônia em doze territórios entregando a administração a membros da corte, chamados de donatários. Alguns não chegaram a tomar posse, caso do donatário da capitania do Ceará. No dizer de Gilmar de Carvalho, “O Siará Grande, imenso areal entre Pernambuco e o Maranhão, ficou à deriva pela recusa de seu donatário Antônio Cardoso de Barros de vir colonizar as terras que recebera da coroa”. (01)
            Somente no ano de 1612, no dia de São Sebastião, 20 de janeiro,  Martins Soares Moreno, o guerreiro branco da obra de Alencar deu com os costados na foz do rio Ceará e ali construiu o forte São Sebastião, dando inicio a ocupação da costa cearense. Depois veio a invasão holandesa com a construção do Forte Shoonenborch no cume do morro Marajaitiba, ao sopé do qual corria o riacho do mesmo nome, hoje o nosso agonizante Pajeú. Mais tarde, a retomada dos portugueses e a reconstrução do forte com o nome de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, marcaram a ocupação definitiva da costa. A ocupação das terras do interior, entretanto, ainda demoraria cerca de 80 anos, com a concessão de sesmarias por volta do ano de 1680. Essas sesmarias foram solicitadas inicialmente nas margens dos rios próximos à Fortaleza e em seguida nos mais distantes, concentrando-se principalmente nas bacias dos dois principais rios cearenses, Jaguaribe e Acaraú.
 A primeira sesmaria que se tem notícia na ribeira do Acaraú  foi concedida em 20 de setembro de 1683 a um grupo de moradores da capitania de Pernambuco, comandados por Manoel de Góes, ficando conhecida como “datas dos Góes”.
No ano de 1702, a 14 de outubro foi concedida uma sesmaria a Leonardo de Sá e seu amigo Antônio da Costa Peixoto, “medindo três léguas de terras seguindo o curso do rio Acaraú, com meia légua de largo para cada banda do dito rio”.
Antônio da Costa Peixoto, português de nascimento, chegou ao Ceará no ano de 1676 fixando residência nas imediações do forte onde serviu como soldado. No ano de 1694 solicitou sesmaria na margem do dito rio Siupé e ali passou a residir, constituindo família e alcançando certa ascendência social e política, sendo eleito vereador  da Câmara do Aquiraz em 25 de janeiro de 1700. Antônio nunca chegou a se apossar pessoalmente das terras à margem do Acaraú. Com a sua morte essas terras foram herdadas pelos seus filhos, dentre os quais a filha Apolônia da Costa Peixoto, que casaria com o Sargento-mor Antônio Marques Leitão, nascido em Portugal, Freguesia de Óbidos no ano de 1663, tendo migrado para o Ceará nos fins do século XVII. Em 22 de fevereiro de 1731, Leitão recebeu o título de Sargento-mor dos Reformados do Distrito da Vila da Fortaleza, por serviços prestados como soldado nessa capitania e na capitania do Piauí no combate aos gentios (índios).
Após o casamento, Leitão e Apolônia passaram a residir também na localidade de Siupé onde viveram toda a vida. Em 05 de março de 1738 a filha do casal, Quitéria Marques de Jesus, casa-se com Antônio Rodrigues Magalhães, recebendo como dote dos pais as terras herdadas por sua mãe Apolônia na ribeira do Acaraú.
Antonio Rodrigues Magalhães nasceu na Vila do Forte dos Reis Magos, futura cidade de Natal, província do Rio Grande do Norte, em 05 de junho de 1702. Era filho de Luiz Oliveira Magalhães, natural do Sergipe Del Rei e Isabel Gonçalves do Rio Grande do Norte. Antônio migrou para o Ceará por volta de 1726, juntamente com seu cunhado João Pinto de Mesquita, marido de sua irmã Tereza de Oliveira, os quais foram morar na fazenda Jucurutu, nas margens do rio do mesmo nome na ribeira do Acaraú, em terras hoje pertencente ao município de Santa Quitéria. Após o casamento, Antônio Rodrigues Magalhães tomou posse das terras herdadas pela esposa, instalando a fazenda Caiçara, embora continuasse morando no Siupé. No ano de 1741, o Sargento-mor Antônio Marques Leitão fez uma doação de  terras para a constituição do patrimônio da Capela de Nossa Senhora da Soledade do Siupé. Na mesma ocasião, o genro, Antônio Rodrigues Magalhães contribuiu para o “encapelamento e aumento da Capela” com a doação de “dez cabeças de bestas femininas e vinte e cinco de gado vacum feminino”.
No ano de 1742, estando em sua fazenda Caiçara, Antônio recebeu a visita do Padre Lino Gomes Correia, Visitador Geral dos Sertões do Norte, o qual havia escolhido a fazenda Caiçara como o local mais apropriado para sediar o Curato da Ribeira do Acaraú e nela construir sua matriz. Nessa ocasião, Antônio faz a doação de 100 braças de terra em quadro para a constituição do patrimônio da Matriz de Nossa Senhora da conceição da Caiçara. No ano seguinte, a 4 de março de 1743, Antônio Rodrigues adquire por compra um terreno, bem próximo a sua fazenda Caiçara, no sopé da serra da Meruoca, aumentando seu patrimônio na região. No ano de 1746, alargando ainda mais sua área de atuação, Antônio comprou a fazenda Pindá, na ribeira do rio Canindé, compra efetuada através de seu procurador o Pe. Francisco Antunes Pereira, capelão do Siupé.
A partir de outubro de 1751, o casal Antônio e Quitéria, já com sete filhos, todos nascidos no Siupé, passa a residir na Fazenda Caiçara. Ali, nasce sua filha caçula, Bárbara no final do ano de 1754, tendo sido batizada na capela da fazenda em 7 de janeiro de 1755. No ano seguinte, em 10 de Dezembro de 1756, é finalmente passada a escritura das terras doadas ao patrimônio da matriz da Caiçara.
Seis meses depois, no inicio do mês de junho de 1757, quando viajava para sua fazenda Pindá no alto sertão do Canindé, “no lugar Fazenda Requengue”, Antônio foi vítima de uma queda de cavalo vindo a falecer. Seu corpo foi transportado para o Siupé onde foi sepultado na Capela de Nossa Senhora da Soledade do Siupé, no dia 3 de junho de 1757. O sogro, Antônio Marques Leitão faleceu no Siupé em 7 de março de 1758, com 99 anos de idade sendo também sepultado na mesma capela. Sua mulher Quitéria Marques de Jesus viria a falecer no dia 31 de agosto de 1759, na sua fazenda Caiçara em cuja capela foi sepultada.
No entorno da matriz da Caiçara floresceu um pequeno povoado que foi mais tarde, no dia 5 de julho de 1773, elevada a categoria de vila com o nome de Vila Distinta e Real de Sobral. No dia 12 de janeiro de 1841 foi elevada a categoria de cidade com o título de Fidelíssima Cidade Januária de Acaraú e finalmente cidade de Sobral em 25 de outubro de 1842.
Antônio Rodrigues Magalhães passaria para a história como o Fundador de Sobral.

Texto baseado nos livros: Cronologia Sobralense, vol. I e vol. II – Francisco Sadoc de Araújo – Fortaleza, Ed. Gráfica Editorial Cearense Ltda, 1974; Raízes Portuguesas do Vale do Acaraú - Francisco Sadoc de Araújo – Fortaleza, Ed.Gráfica Editorial Cearense Ltda, 1991;

NOTAS: 1. Gilmar de Carvalho em texto para o Anuário do Ceará, 2007/2008.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Nas ondas do mar

Grãos de areia,
Gotas do mar
Olhos mareiam
Um sempre lembrar
De alguém que se foi
Num céu de luar
Longe, bem longe
Pra não mais voltar

George Alberto

Hum-hum!

O sertanejo não é de conversar fiado. Gasta pouco, até nas palavras.

"Hum (som ligeiramente gutural) interjeição com que se atende a um chamamento. Corresponde a  hein, ôi. Também significa sim e eis aqui. Hum-hum equivale a não. Ex:

- Pedro!
- Hum? (hein)
- Está acordado?
- Hum! (sim)
- Cadê os fósfo?
- Hum (ei-los)
-Quer cachaça?
- Hum-hum! (não)"

Descrição extraída de Leonardo Mota (Leota) no Adagiário Brasileiro. p. 290. Ed. UFC, 1982.

George Aberto




O que é o que é?

Nós somos dois irmãozinhos
Ambos de uma mãe nascidos,
Ambos iguais nos vestidos,
Porém não na condição;
Para gostos e temperos,
A mim me procurarão,
Para mesas e banquetes,
Falem lá com meu irmão...
Que a uns faz perder o tino,
E a outros, a estimação.
Somos iguais no nome,
Desiguais no parecer;
Meu irmão não vai à missa,
Eu não a posso perder.
Entre bailes e partidas
Todos lá me encontrarão;
Nos trabalhos da cozinha,
Isso é lá com meu irmão.

Advinhação do Nordeste do Brasil, encontrada no Dicionário do Folclóre Brasileiro. Câmara Cascudo. Copyright@Ediouro Publicações S.A. 9a. Ed. 1998 RJ/SP

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Seu Mujica e La Barca

Seu Mujica, o café tá bom? Pensei que o Senhor gostasse era de chimarrão. Quem paga o café é o Senhor? É? E quando faz viagens de governo, o Senhor vai em classe turística? Não é exagero, não? Sim, mas na Suécia é outra coisa. Lai vai, o Senhor doa a maior parte dos vencimentos pra obras assistenciais? Diabéisso, homem? E o proveito de ser político onde fica? Não carece disso, não? Me disseram também que com o Senhor não tem frescura, nem parangolé pra político reimoso e preguento atrás de verba. O Senhor dá o exemplo é nas buchas.

Mas Seu Mujica, deixa eu lhe contar uma coisa. Tou com inveja do Uruguai. Acho que vocês acertaram em se libertar do Brasil. Também vou lhe dizer:  fizeram muito mal em aniquilar os índios daí e substituir por europeu. Tenho certeza que no sangue do Senhor prevalece de vera mesmo é o sangue do índio. O Uruguai pode até ter pouca coisa, mas tem o Senhor que é tudo. Dá o exemplo e o norte. 


Deixa eu lhe pedir uma opinião que o meu penso pode tá torto. Sou do Ceará uma terrinha quente dos infernos, lá de cima do Nordeste do Brasil. E os dirigentes do Ceará gostam de festa. Tudo bem, que eu não tenho nada contra festa. A Dona Prefeita, que já saiu, gastou R$ 715.000,00 numa festa do Caetano mais um banquinho de madeira pra ele tocar o violão dele na Fortaleza Dela. Foi caro pra danar? Foi, foi. Até que ela tentou justificar dizendo que a grana cobria não só o cachê, mas também as passagens, as diárias e o transporte de equipamentos da banda. Conversa mole. O mundo quase foi abaixo. 


Agora, o governador daqui gastou R$ 650.000,00 pra Ivete Sangalo inaugurar um hospital. Comparando com o que já tinha gasto com um tenor espanhol de voz graúda, mais de R$ 3.000.000,00, só pro cantor inaugurar um centro de reuniões, sem falar nos salamaleques pros convidados, até parece que não foi caro, não. Mas, se se comparar com os cantores e músicos que a gente tem aqui, não era mais proveito aproveitado trazer o Fagner, o Belquior, o Fausto Nilo... 

O Senhor não conhece eles não? Entonces, que o Fagner canta também aquela música La Barca. Ah! essa o Senhor conhece, né? Pois bem, o pessoal daqui espalhou na internet que a grana dos R$ 650.000 foi uma la barca furada. O homem achou foi ruim do comentário. Disse que vai fazer quantas vezes quiser, doa a quem doer e acabou-se. O que é que o Senhor acha dessa arrumação, Seu Mujica? Ria não, Seu Mujica, que eu tou falando sério, homem de Deus.

George Alberto


Mote:

http://www.clarin.com/mundo/Mujica-Venezuela-turista-charla-pasajeros_0_849515216.html

Vaquejadas

Vaquejada e tourada, a diferença é que, na última, o touro sempre morre lanceado. A perversidade reina em ambas, camuflada com divertimentos. E os nossos nobres deputados, com tanta coisa importante pra pensar e legislar, seca medonha, só pensam no próprio umbigo. O jornal dá notícias que muitos tem interesses pessoais nas vaquejadas, aliadas às bandas ditas de forró (?). Porém, gente boa, não é bom confundir vaquejada com esporte. Nos tempos da era do couro, no Ceará, os vaqueiros corriam sozinhos atrás dos bois pro aparte, pra ferra, pra curar bicheiras e levá-los ao curral. A competição entre boi e vaqueiro era mais próxima da justeza. O vaqueiro tinha de entrar na caatinga espinhenta e pedregosa, o boi fugia num espaço sem limites. Ocorria do boi quebrar uma perna, mas o vaqueiro era acometido dum braço partido, de vazar um olho no espinho, uma ferpa no coração etc. Hoje, o camarada monta um cavalo com uma segurança grande; se duvidar, tem UTI esperando um sucesso; tão ensaiando até o uso de motos. E o ser humano ainda se diverte com essas atrocidades.
George Alberto

Mote:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1224842

Criador e Criatura

O PT (Lula) criou Eduardo Campos. Encheu a bola do neto de Miguel Arraes. Jogou quase toda a grana do governo federal destinada ao Nordeste pra Pernambuco. O estado pernambucano ganhou siderúrgica, estaleiros, porto digital, estradas de primeiro mundo duplicadas, vinhos no agreste e escambau. Palmas pro governador e políticos de Pernambuco que bem aproveitaram a situação do presidente ser seu conterrâneo, fizeram bons projetos e o executaram num vapt-vupt. Pernambuco disparou. Já o Ceará, por exemplo. Os políticos cearenses - fraquíssimos, deputados e senadores - estes últimos, todos eles aliados do governo federal, nada, mas quase que absolutamente nada fizeram pra defender o Ceará. Em toda minha vida, nunca vi bancada tão fraca. Resultado: Pernambuco viveu e vive excepcional desenvolvimento. E o Ceará, que votou em massa pro governo petista, ainda pensa que é o bam-bam-bam das mudanças, quando na realidade só perde em PIB per capita pra Alagoas e Maranhão. Enquanto isso, a bancada de políticos cearenses, fraca como sopa de pedra, continua em peso a dar amém pro governo. Em troca, migalhas pro Ceará. E quanto à criatura, Eduardo Campos? Como é de regra geral, virou-se contra o criador. Dona Dilma, espere o bote, que isso em política é normal, viu! 
George Alberto

Mote:

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A idade de Obama

Seu Obama, eu cliquei no link abaixo, conforme a instrução do jornal daí e vi que o Senhor envelheceu muito nesses últimos quatro anos. Preocupação demais, né? Se o poder envelhece, então por que político em todo canto do mundo é igual a bacorinho (bacurim, por aqui) em caju azedo? Morde, chupa, grita, mas não larga o caju. 

No Brasil, por exemplo, o Sarney, com o poder no colo pela morte antecipada do Tancredo, que por sua vez seria presidente em confabulação malfazeja de políticos contra o Diretas Já; pois bem, o Sarney teve conversa de ouvido com senadores e deputados, conservadores como ele só, e esticou, por cima de pau e pedra, o mandato por mais um ano. Demorou, mas cumpriu  5 e ainda hoje atazana a gente no Senado. O FHC, que só era pra ser presidente 4 anos, foi mais fundo ainda, dobrou o mandato de 4 para 8 anos. De príncipe, queria ser rei. Ele, o maior beneficiado, legislando em causa bem própria. Então, falam do Chaves que, se vivo ainda estiver, entrou assim pelo voto popular no terceiro mandato. 

Veja o Senhor, o Roosevelt: morreu no quarto mandato, com 13 anos no cargo. Epa, quarto mandato dá azar. Não tente mais um não, Seu Chaves. Opa, ou será que é o número 13? Azar do Roosevelt e dos habitantes de Hiroshima e Nagasaqui, que veio o ético Truman e ordenou duas bombas atômicas na população civil das duas cidades japonesas. Foram soltas sibilantes de um avião apelidado pelo piloto com nome esquisito, Enola Gay. E, antes de sair pro massacre, a aeronave foi batizada e bendita por oração de religioso. Coisa mais sem sentido: reza forte pra aniquilar uma gente inocente e desarmada. Deus consente?

Guerras, Seu Obama, talvez esse seja o agente envelhecedor dos presidentes americanos. A gente olha pras rugas no rosto de cada um deles e as coisas  primeiras de que se lembra são das guerras que fizeram. Vivem guerreando. Mas o Senhor não era pra estar envelhecido, não. Devia ter levado a sério o Prêmio Nobel da Paz, que recebeu antecipado no começo do primeiro mandato. Porque ainda não fez jus ao prêmio, então, por isso, o Senhor pagou com a vida a menos, que o envelhecimento precoce leva de roldão.

George Alberto

sábado, 12 de janeiro de 2013

A linha caiu

Quando falava das privatizações, ou melhor privatarias - porque feitas a preço de banana e sem compromisso com o país - da época do FHC, muitos contradiziam mencionando o que se fez no que tange às concessionárias de telefones. Que foi uma beleza não sei o quê mais. Conversa pra boi dormir. Da forma que foi feita, se fez foi muito mal ao Brasil. A Teleceará, como outras concessionárias públicas de antes das privatizações, por exemplo, era empresa que contratava engenheiros e técnicos da melhor qualidade, dando-lhes oportunidades pra desenvolver tecnologias de ponta que serviriam ao Brasil economizando remessas de royalties pro estrangeiro. 

Foi assim que surgiu o Bina, aparelho que reconhece ligações telefônicas, criada por um gênio brasileiro, Nélio José Nicolai, e ainda hoje usado em todo o mundo, estando o seu inventor, provavelmente por ser brasileiro, ainda na luta árdua de receber os devidos royalties, mesmo daquelas companhias que foram agraciadas de mão beijada pelos lucros fabulosos cedidos pelo bico da privatização tucana. Ressalto que os atendimentos ao público na época da citada Teleceará eram feitos de forma personalizada, respeitosa e eficiente. Hoje as concessionárias de telefones no Brasil são as recordistas em reclamações no DECOM (de nada adianta se reclamar à ANATEL) e respondem reclamações com gravações insossas e imbecis. 

Quanto a mão de obra, tais empresas só contratam, quase que exclusivamente, operadoras de call-centers. Mais ainda, o que a privatização, feita por esse Senhor que a mídia tenta ressuscitar politicamente hoje, fez; pois bem, tal privatização o que fez mesmo foi entregar gratuitamente o gigantesco mercado brasileiro a empresas estrangeiras, a troco de nada. Resultado disso, até hoje, nem sequer temos uma marca de telefone/smartphone nosso. Enquanto isso, a Coréia detêm 33% do mercado mundial de smarthfones. Bip, bip, bip...a linha caiu.

George

Mote:

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1221060

Belchior

Um gênio como Belchior, está sendo ameaçado de morte? É o fim do mundo. Que capitalismo mais fuleiro e brutal é esse nosso! Sétimo PIB do planeta, do qual a maior parte é capitalizada e consumida por rentistas que não cravam um prego numa barra de sabão. Há pouco, pra nossa vergonha e dor, mataram o chileno que decorou magistralmente a escadaria de Santa Tereza no Rio. A troco de nada. Agora ameaçam Belchior. Penso que uma boa mão de peia deveria ser a paga desses filhos-dumas-éguas que tramam matar gente de bem, do quilate do Belchior. E o governo do Ceará não vai fazer nada? Belchior é patrimônio público cearense de valor intangível. Não podemos perdê-lo. Ele, "apenas um rapaz latino-americano sem parentes importantes e vindo do interior... Mas não se preocupe meu amigo com os horrores que eu lhe digo. Quer dizer, a vida é muito pior... Mas se depois de cantar você ainda quiser me atirar, mate-me logo, à tarde, às três, que à noite tenho um compromisso. E não posso faltar por causa de vocês".  
George       

Fontes:
http://www.youtube.com/watch?v=9C-IDT__1HE
http://diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=352470&modulo=964

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Mataram o artista chileno de Santa Tereza

Há poucos dias, no Chile, um chileno, guia turístico, me falou, com orgulho muito justificado, sobre um artista conterrâneo seu que decorou as escadarias de Santa Tereza, na cidade do Rio de Janeiro. Perguntou-me se o conhecia e a sua obra; eu disse que não. Hoje deparo-me com a notícia da morte do artista da escadaria, Jorge Selarón, de 65 anos, e a foto da belíssima arte que fez no Brasil. 
O sentimento que tenho é de dor e de vergonha pelo seu assassinato. 
Por que o Brasil é tão violento se somos a sétima economia do mundo e nos consideram um dos povos mais felizes do planeta?

Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,artista-que-fez-escadaria-de-santa-teresa-e-encontrado-morto-no-rio,982653,0.htm


Deus consente?

Deus, Epicuro e o Repentista

Deus, ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode.
Se quer e não pode, é impotente: o que é impossível em Deus.
Se pode e não quer, é invejoso: o que, do mesmo modo, é contrário a Deus.
Se nem quer nem pode, é invejoso e impotente: portanto nem sequer é Deus.
Se pode e quer, que é a única coisa compatível com Deus, donde provém então a existência dos males?  Por que razão é que não os impede?

Epicuro de Samos 341 a.C., Samos, 271 ou 270 a.C., Atenas

Diga Deus Onipotente
se é você realmente
que autoriza, que consente
no meu sertão, tanta dor
se o povo imerso no lodo
apregoa com denodo
que seu coração é todo
de luz, de paz e de amor.

Autor desconhecido, por mim

Fonte:
http://www.proppi.uff.br/ppga/sites/default/files/dissertacao_de_mestrado.pdf

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Oh! que vida...

Oh! que vida mais horrível
Oh! Que grande depressão
Oh! Que sol mais desgostoso
Essas pernas tão despidas
Me tiram inspiração
Não aguento mais, meu povo!
De juiz, tanta pressão.

George


Mote:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,praia-e-orientacao-medica-diz-defesa-de-carlinhos-cachoeira,981648,0.htm

sábado, 5 de janeiro de 2013

Dona Dilma se inspira na China

Dona Dilma, o modelo tem de ser a China, mesmo. O difícil é copiar, coisa que os chineses nisso também são bons. A Senhora sabe muito mais do que eu que a China tem hoje: 1. Trem bala mais extenso do mundo, quase 3000 km, com velocidade de 300 km por hora; 2. Fabrica porta-aviões; 3. Os automóveis chineses vão ganhar o mercado, já, já ; 4. Estão fazendo caças de ponta; 5. Vão mandar um chinês pra lua até 2022; 6. Tão ocupando a África. Agora mesmo compraram mineradora de ferro por lá pra se prevenir dos preços do ferro da Vale e dos da Austrália; 7. Nas viagens que a Senhora fizer, repare debaixo dos produtos, que é tudo chinês; 8. E a China tá longe de ser democracia; 10. São os maiores desenvolvedores de fontes alternativas de energia; 12. Compraram a produção de cobre do Chile todinha dos próximos 20 anos. E olhe que o Chile, além de país muito bem organizado, tá bem mesmo é por causa do cobre que representa 60% do PIB de lá. 13. Os chineses hoje negociam e exploram o lítio da Bolívia. Não é à toa que o Evo Morales tá inchando pra gente grande. Vá ver, tem as costas largas de acordo chinês por baixo dos panos que ninguém mexe com amigo de chinês. 
E a China tá longe ser capitalista que a coisa lá é toda orientada por um politburo moderno. O segredo da China? Sei lá qual é o segredo da China. Acho que é porque o chinês trabalha feito um condenado e quando é pego em corrupção leva tiro na testa. Também porque sofreram muito os chinas com inglês bombardeando Bombaim (acho que por isso se chama a cidade assim) pra trocar ópio do Afganistão por seda chinesa. Menino besta é inglês! E humilhação de japonês, nem se fala. Daqui a pouco, os chineses desbancam o dólar e obrigam a ralé a usar o yuan como moeda de troca. Então que a gente vai ter nossas reservas em moeda chinesa também. Os chineses tão merecendo a luta pelo seu esfôrço e determinação, pois trabalham feito condenados e, quando algum deles cai na besteira de entrar na saga da corrupção, corre o risco de ser pegado com a mão na botija e levar uma bala na cabeça. 
Mas Dona Dilma pode ir em frente que como disse Darcy Ribeiro e meu filho gosta de repetir pra mim e eu tou já acreditando: o Brasil é a nova Roma. Abraço pra Senhora e vá em frente, mesmo que atrás de chinês . 
George

Mote:

Quer conhecer uma cidade? Vá ao mercado


Quer conhecer uma cidade? Não vá a shopping que é tudo igual seja aqui, seja em Xangai. Vá ao mercado local. Você encontra as frutas da região, os peixes, as verduras, as bebidas locais. Conversa com o povo que em mercado tem povão de vera. Vê os hábitos de gente de mesmo que, em hotel, é tudo de treino parecido. As cidades têm nos mercados o que há de melhor pra conhecê-las. 
Quer conhecer Belo Horizonte, vá no mercado de lá comer tutú à mineira com torresmo; em São Paulo, tem sanduíche gigante de mortadela e virado à paulista; em São Luis tem cachaça azul feita de mandioca; O mercado Vero-Peso em Belém, não conheço, mas é do papouco; em Buenos-Aires, argentina bonitona dançando tango, enquanto se bebe vinho de Mendoza e se imagina no lugar do marmanjo dançarino; no Santiago do Chile, tem peixes de caras exóticas do friorento Pacífico, morangos gigantes e bicada na cachaça de lá, o pisco, que é feita de uva e é tão forte como a daqui e você come ao som de um violão tocando Besame Mucho, El Reloj, La Barca e Garota de Ipanema Castelhana...
E o nosso Mercado São Sebastião de Fortaleza? Tem comidas fantásticas; povo extraordinário que ri de desgraça à toa que pra ele só começa a contar de arroba pra riba. No Mercado São Sebastião tem sarrabulho, panelada, buchada e uma meiota de cana pra digerir desconforto no bucho. O Mercado São Sebastião é ponto turístico, Zé. Lugar de se comer aos domingos com a família. Falta só uns ajeitos nele.
George Alberto de Aguiar Coelho

Fonte: