Haja produção envenenada em campos onde antes havia floresta. Tudo pra que o capital se alimente das entranhas da terra entupindo-a, até o último talo, de veneno. Mas com veneno não existe vida; ou pode até existir, deformada de doenças medonhas. E sem veneno, na prática, não há crescimento, não existe capitalismo de vera na agricultura. Capitalismo que gosta mesmo é de conjugar o verbo receber e pouco ou nada o verbo pagar.
Recebem, mas não pagam. Recebem, mas não pagam pelo ferro brasileiro de Itabira-Mg e Carajás-Pa; assim como receberam e não pagaram pelo manganês retirado das serras exauridas no Maranhão; recebem, mas não pagam pelo precioso nióbio dos morros de Araxá-Mg; assim como receberam, mas não pagaram pelo ouro em toneladas retiradas de Serra Pelada-Pa a muque de garimpeiro, cuja miséria é a prova viva, ou morta, de um sistema falido. Assim, recurso natural é matéria prima que o capital recebe e usa de graça sobretudo de países que pouco se dão à vergonha de se deixar expropriar sem dar um pio, como o Brasil é o caso. Quem pagará pela terra e água envenenada pela indústria da soja? Ninguém.
A Amazônia, nenhum país rico quer pagar pra que ela se conserve como floresta. A propósito disso, o presidente do Equador fez um desafio às nações ricas: paguem-nos por nossas florestas que as deixamos em pé e assim elas manterão as chuvas nas vossas terras e despoluirão o ar sujo que exalam de vossas indústrias fétidas. Calados ouviram, calados ficaram. No fundo recebem, mas não querem pagar por recursos naturais que usurpam das nações pobres e que, sem eles, não teriam sua economia bombando. Capitalismo de merda é esse esse que não paga matéria prima? Resultado, no caso do Equador: perfuração de poços de petróleo virão onde antes havia árvores. E tome fumaça no ar, tome veneno na água e na terra.
Falam nas TVs em lorotas conservacionistas, na boca de missionários de ONGs cujo interesse mesmo é colher ensinamentos centenares de índios pra proveito de laboratórios de remédios faturarem alto; ou pro carreio de minérios a roldão, contrabandeados às claras, sem qual vigilância. A maior riqueza do Brasil é a biodiversidade das florestas, e esta pouco a pouco se esvai. Em trinta anos, onde antes era floresta, só existirá soja envenenada e gado peidando em pasto raso. Enquanto discurso besta de político mamador vai continuar se espichando em plenário vazio.
Viva a produção! Viva a grana! O capital dos 1% da plutocracia mundial agradece.