sexta-feira, 20 de março de 2015
O Sabiá Vaidoso - Patativa do Assaré
Um sabiá vaidoso do seu canto,
Se julgava um maestro quase santo
E de todas as aves a primeira
Na linda copa de uma laranjeira.
Seu gorjeio repleto de doçura
Despertava saudade, amor, ternura,
De orgulhoso e vaidoso, ele pensava
Que o mundo inteiro a ele se curvava,
Com a força vibrante da harmonia
Novas notas criou naquele dia.
Um simples passarinho, uma avezinha,
Que nem sequer no mundo um nome tinha,
Por direito que assiste ao passarinho
Naquela copa fez também seu ninho
E modesto, com muita singeleza,
Obedecendo à sábia natureza,
Cheio de vida o seu biquinho abriu:
Piu, piu, piu, piu, piu
Piu, piu, piu, piu, piu
Piu, piu, piu, piu, piu.
O sabiá se achando enfurecido,
Para ele falou, seu atrevido!
Com este canto que soltaste agora
Tu desvirtuas minha voz sonora,
Com a tua cantiga dissonante
Tu não passas de um bicho ignorante,
Eu não quero te ouvir perto de mim,
Quem te ensinou cantar tão feio assim?
Do passarinho pobre de harmonia,
Mas muito rico de filosofia,
Logo a resposta o sabiá ouviu:
- Este meu canto, piu, piu, piu, piu, piu,
Que o destino fiel me permitiu
Para ninar os filhotinhos meus,
Seu sabiá, quem me ensinou foi Deus!
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Gostar de Patativa do Assaré, e reconhecer a força do homem roceiro, diante da empáfia ,daqueles que pensam ser possuidores do saber absoluto .
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