Nesse carnaval, me dei conta de pensar como eram meus pais quanto aos gastos e, assim, porque viviam relativamente bem com tão pouco. E deu em algumas constatações.
Não tinham cartão de crédito para gasto frouxo de perder-se no tempo de longuissimas prestações e sujeitando-se, se no atraso, a juros de 14% ao mês.
O colégio em que a gente estudava era público e de relativa boa qualidade. Habitávamos casa e, assim, não sujeitos às altas taxas condominiais.
Comíamos da panela caseira, sem Ifoods ou deliverys; comida simples -arroz, feijão, carne, queijo, linguiça, gordura de porco, ovos, cuscus, tapioca; peixe; mugunzá, leite, café; não havia hamburguer, pizza, comida chinesa, japonesa, coreana, suschi, sashimiyacult, Yogurt, Danone, chocolatado etc.
Não tínhamos carros e, se queríamos viajar pra fora, era de Expresso de Luxo, sem ar condicionado, nem leito. Viajar de avião? Nem pensar. Viajei, pela primeira vez, pra Salvador, num Transbrasil, pago pela Petrobrás, em 1975,, quando fui ser seu engenheiro. Viagem de comida a bordo de talher e vinho com direito a guardanapo de pano servido por aeromoças lindas.
Quarto de dormir não tinha ar condicionado, no máximo, ventilador pra espantar o calor e as muriçocas Não tínhamos TV por assinatura, internet, Netflix e o escambau. TV era Jornal Nacional, novela e Fantástico nos domingos.
Carnaval era em casa ou num clube pra ficar rodando o salão. Nos sentíamos sócios fundadores dos clubes, pois entrávamos pulando o muro dos fundos.
Saída pra cidade de praia, nem pensar o que era isso, coisa inimaginávelbprum cristão da época
Serviço público era realmente serviço público, prestado por empresas públicas: Cagece, COELCE, Teleceara, Correios.
Não pagávamos pedágios em rodovias. Exterior era coisa de se ver na televisão. Não se viajava pra fora.
Se tínhamos cão em casa, não havia petshops e comida dada pra eles não era ração, mas uma mistura de osso e carne de terceira comprada por papai no Mercado São Sebastião.
E essa ruma de remédios que se toma hoje?
Só me lembro de tomar Melhoral, pra dor de cabeça e Uvilon, pra vermes.
Traficantes de drogas? Não havia, no máximo uns maconhneiros inocentes na freguesia.
Ir pra escola era de ònibus, de bicicleta ou de pés. Não tínhamos água em garrafão mas de chuva ou de pipa puxada a burro.
Celulares, bicho completamente desconhecido ainda, num mundo que se espantava da TV em preto e branco.
Vou parar por aqui pra não encompridar o leriado besta, mas eram tantos gastos a menos que meus pais ganhavam uma mincharia, mas que dava pro necessário e ainda sobrava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário