Você
é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado
do Carajás? Não.
Você
é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado
do Tapajós? Não.
Se
votasse no plebiscito da divisão do Pará, faria assim. Como não
voto, posso muito dar minha opinião de brasileiro que, embora
não conheça o Pará, pelo menos de ter posto os pés no estado,
sabe de seu gigantesco potencial econômico e natural.
Quando
os portugueses nos tinham como colônia, o Maranhão e o Grão-Pará
eram tratados de forma distinta ao Brasil. Tinham administração
própria. Seja pelas dificuldades de navegação contra correntes
marítimas de Pernambuco para o Norte e vice-versa; seja pela
insalubridade da região amazônica, a divisão demorou e quase foi
reacesa no inicio do império. Assim, a gigantesca área, que chegou
a abranger o Piauí e também o Ceará, foi a última a se libertar
de Portugal. Com a exploração da borracha, o Pará, principalmente
sua capital Belém, e a capital do Amazonas, Manaus, tiveram um
grande surto de desenvolvimento econômico. Findou-se o progresso com
o tráfico de seringueiras para a Malásia a mando do império
britânico. Bem recente, o ouro de Serra Pelada, descoberta por
garimpeiros, escoou em toneladas escondidas para fora do país, sob às
vistas intervencionistas e incompetentes de militares que a ocuparam.
Serra Pelada, de serra vistosa que era, virou um medonho buraco cheio
d´água dado em concessão mineral. E o ouro da serra, como antes se
dera com as minas de Minas, não serviu ao Brasil, não serviu aos
paraenses.
Porém,
hoje, há uma nova oportunidade de desenvolvimento da região:
Carajás. O ferro de Carajás, o maior em quantidade e o melhor em
qualidade do mundo, se bem administrada sua exploração, poderá
tornar o Pará um dos mais desenvolvidos estados brasileiros. Mas aí
se fala em dividir o estado paraense. Pra que se dividir o Pará? O
argumento preponderante dos separatistas é que as regiões dos
futuros estados, formados com a divisão, regiões, que se diz hoje, abandonadas, se desenvolveriam como aconteceu com o estado de
Tocantins, desmembrado que foi de Goiás. O raciocínio, surgido de
encomendas feitas à empresa de consultoria paga para defender à
divisão, parece não ter firmeza, frente a dados que indicam não
variarem significativamente os índices de pobreza no estado. Ainda,
se assim fosse, pergunto: é preciso que se esquarteje um estado para
levar desenvolvimento às regiões mais pobres? Não creio em
argumento tão débil, ou não teríamos, o estado de Alagoas, um dos
menores estados da União, quase tão pobre quanto o gigante
Maranhão. Em ambos, como no Pará, oligarquias dominam a política.
O
estado do Pará é o segundo maior estado em extensão territorial do
Brasil. Se passasse a divisão, adviriam desta três estados: Pará,
Carajás e Tapajós. Para o novo Pará restariam 17% do atual
território que é de 1,2
milhão de km²,
teria Belém como capital. Carajás ficaria com 25% do atual Pará,
sua capital seria Marabá. Tapajós ficaria com a maior extensão,
58%, e a capital seria Santarém. Quanto ao Brasil, de 26 estados,
mais Distrito Federal, acrescentaria 2.
O
que tal acréscimo traria de bom ao Pará é incerto, mas o que de
ruim adviria ao Brasil não tenho dúvidas. De pronto, a necessidade
de construir e manter estruturas governamentais e administrativas
caríssimas pra cada um dos dois novos estados. Tribunais de
justiças, de contas, assembleias, apêndices federais, palácios e
residências pra dois novos governadores, vices e mais deputados
estaduais pululariam às custas de verbas públicas. No Congresso
Nacional, pelo menos mais oito novos gabinetes dilatariam a já obesa
e dissipadora Câmara dos Deputados; mais seis senadores, assessores
legislativos receberiam sem ter muito o que fazer e até onde sentar.
Ademais, dúvidas restariam quanto ao interesse de natureza
estratégica da divisão.
Quais
os motivos de fundo para se criar agora um novo estado - Carajás - que concentra as
maiores reservas de minério do mundo? O que se esconde nos desejos de
adventícios, recentes ocupantes de área agrícola, e das festivas ONG´s na
criação de Tapajós, estado que seria predominantemente formado por
reservas indígenas e o restante plantado com soja transgênica fornecida por uma empresa só? O que tem a ver as usinas hidrelétricas construídas no Pará, como Tucuruí que só perde em potência para Itaipu, e as usinas em projeto ou construção, como Belmonte (terceira do mundo, se trabalhasse de forma plena) e as cinco do complexo Tapajós (quase uma Belmonte plena), pois bem, o que tem a ver tais hidrelétricas com a cobiça divisionista? Serão em parte os interesses separatistas no Pará semelhantes aos dos que buscam para si o pedaço
melhor de outro estado, também ameaçado de esquartejamento, o Piauí?
Chega de divisões, De nada servem, a não ser atender aos desejos de
ampliação de grupos de políticos, para replicarem arcaicas
políticas de dominação. Divisões do jaez escondem interesses
escusos, contrários ao Brasil. O país não comporta mais
sentimentos divisionistas. O Pará não se divide! O Brasil não se
entrega!
George
Alberto de Aguiar Coelho