terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Dia de Santa Luzia



Triste Partida
Patativa do Assaré
Cantada por Luiz Gonzaga e Gonzaguinha

Setembro passou
Outubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós,
Meu Deus, meu Deus
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
Ai, ai, ai, ai

A treze do mês 
Ele fez experiência
Perdeu sua crença 
Nas pedras de sal, 
Meu Deus, meu Deus 
Mas noutra esperança 
Com gosto se agarra 
Pensando na barra 
Do alegre Natal 
Ai, ai, ai, ai



A treze do mês de dezembro de 1912, na cidade de Exu, Cariri pernambucano, nascia o sanfoneiro Luiz Gonzaga. Todo dia treze de dezembro é dia de Santa Luzia. Assim, nada melhor que se relembrar hoje os dois eventos com Luiz Gonzaga cantando Triste Partida de Patativa do Assaré, seu vizinho cearense da serra de Santana do Cariri. Como tudo é imbricado no sertão caririense, Santana, talvez por inspiração da Serra, era o nome da mãe querida e cantada em versos do Rei do Baião. E por que Triste Partida? Porque nela Patativa evoca as experiências feitas pelo nordestino para previsão de seca, fenômeno vital em sua sobrevivência. Dentre as experiências, a das pedras de sal. No dia de Santa Luzia, o sertanejo coloca seis pedras de sal ao relento, cada uma representando os meses de janeiro a junho do ano seguinte. Conforme cada pedra se dissolva no sereno da noite,  assim será o inverno nos meses do ano próximo.  É de se dizer que, no Nordeste, inverno não tem o conceito convencional de estação climática, mas sim se está chovendo. Por aqui, as chuvas se dão de janeiro a abril, ou mais tardar maio, quando não ocorrem as secas.
George Alberto de Aguiar Coelho

Aquarela de Sandra Maria de Aguiar Coelho



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