terça-feira, 21 de agosto de 2012

Julian Assange, o Jornalista


Foto Julian Assange na Embaixada do Equador. Não sei o nome do fotógrafo da imagem

Não é novidade nenhuma que o jornalismo da Globo sempre foi suspeito e de meias-verdades, digamos assim. Isso não teria sérias consequências pro país, não fora a emissora, até há pouco, hegemônica, a mercê de concessão televisiva concedida a pão-de-ló. Contudo a Internet, como se diz hoje, bombou. E o jornalismo que antes ditava a verdade única, como se verdades fossem únicas, todo dia fica à mercê de ser contraditada na rede. Aqui vai minha contradita.
Hoje ouvi de dois jornalistas da emissora do Plim-Plim em rádio, acho que na CBN, coisas que simplesmente, mesmo não sendo jornalista, achei incrivelmente sem lógica e sem fundamento. Os Caras comentavam sobre o caso Julian Assange. Dizia um, se não me falha a memória, que a divulgação feita por Assange nunca foi jornalismo; que a manifestação dele era puramente ideológica contra os Estados Unidos; que, se Assange queria liberdade de imprensa, então porque pedir asilo ao Equador e lá se vai por aí, o leriado deles. O outro só confirmava, sim, sim.
Ora meus caros, então não é jornalismo mostrar atos e fatos de forma corajosa como fez Assange, pagando o risco da própria vida e de seus colaboradores? Não são casos importantes que a humanidade precisa conhecer sobre governos que mentem e matam avassaladoramente em nome de mentiras? É de se aceitar que em pleno século XXI gente fique sendo enganada por mentiras que levam os países a guerras, torturas e mortes de inocentes? É certo não divulgar e questionar e mostrar os subterrâneos dos bombardeios de nações frágeis sobre a apocalípitica imagem de que constituem o eixo do mal? Então mostrar os bilhetinhos de autoridades, conversas que antecederam e provocaram a imensa perda de vidas em guerras, pedaços de corpos queimados, crianças desesperadas, com a perda dos pais, isso não é jornalismo? Mostrar o Sr. Garrastazu Medici conversando com a autoridade máxima americana, numa atitude servil e iníqua, dando apoio a famigerada Operação Condor entre ditaduras latino-americanas, isso não é jornalismo, não?
E quanto ao Assange, aceitar pedido de asilo do Equador, que problema tem? Outros países porventura tiveram a coragem de oferecerem asilo pra ele, senão o Equador? O sujeito que está à beira de ser deportado talvez para uma pena de morte, vai recusar asilo de ninguém? Se o presidente do Equador faz restrições à imprensa, então que se dê cacete nele, mas não, nunca, na atitude corajosa de receber Assange. Ora, meus caros dois jornalistas platinos, é elementar, o povo sabe bem, aprendam, cavalo usado não se cobra dentes, não. 
Se não gostam do Assange divulgar crua e de forma documental a história acontecida nos subterrâneos do poder capitalista, como os patrões de vocês não gostavam, desde os tempos da parceria Time-Life, então torçam pra que surjam outros Assanges divulgando os maus-feitos dos soviéticos, chineses etc. que são muitos maus-feitos também, tenho certeza. Krutchev, o primeiro-ministro da antiga URSS, por exemplo, expôs no Politburo as barbaridades de Stalin. Divulgar fatos importantes é preciso, senão quem está com o jornalismo ideologicamente comprometido são vocês dois da Globo e não o Assange.  
Aproveitem, saiam da cantiga de grilo desde 1964. Aprendam também lendo jornalismo de verdade, artigos como o que vem abaixo publicado no New York Times, do jornalista MICHAEL MOORE e do diretor  OLIVER STONE, ambos, estes sim, escritores com letras maiúsculas.
George Coelho

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