Foto Julian Assange na Embaixada do Equador. Não sei o nome do fotógrafo da imagem
Não é
novidade nenhuma que o jornalismo da Globo sempre foi suspeito e de
meias-verdades, digamos assim. Isso não teria sérias consequências pro país, não fora a
emissora, até há pouco, hegemônica, a mercê de concessão televisiva concedida a
pão-de-ló. Contudo a Internet, como se diz hoje, bombou. E o jornalismo que
antes ditava a verdade única, como se verdades fossem únicas, todo dia fica à
mercê de ser contraditada na rede. Aqui vai minha contradita.
Hoje ouvi
de dois jornalistas da emissora do Plim-Plim em rádio, acho que na CBN, coisas
que simplesmente, mesmo não sendo jornalista, achei incrivelmente sem lógica e sem fundamento. Os Caras comentavam sobre o caso Julian Assange. Dizia um, se não me falha
a memória, que a divulgação feita por Assange nunca foi jornalismo; que a
manifestação dele era puramente ideológica contra os Estados Unidos; que, se Assange queria liberdade de imprensa, então porque pedir asilo ao Equador e lá se vai
por aí, o leriado deles. O outro só confirmava, sim, sim.
Ora meus
caros, então não é jornalismo mostrar atos e fatos de forma corajosa como fez
Assange, pagando o risco da própria vida e de seus colaboradores? Não são
casos importantes que a humanidade precisa conhecer sobre governos que mentem e
matam avassaladoramente em nome de mentiras? É de se aceitar que em pleno século XXI gente fique
sendo enganada por mentiras que levam os países a guerras, torturas e mortes de
inocentes? É certo não divulgar e questionar e mostrar os subterrâneos dos
bombardeios de nações frágeis sobre a apocalípitica imagem de que constituem o
eixo do mal? Então mostrar os bilhetinhos de autoridades, conversas que
antecederam e provocaram a imensa perda de vidas em guerras, pedaços de corpos
queimados, crianças desesperadas, com a perda dos pais, isso não é jornalismo?
Mostrar o Sr. Garrastazu Medici conversando com a autoridade máxima americana, numa atitude servil e iníqua, dando apoio a famigerada Operação Condor entre ditaduras latino-americanas,
isso não é jornalismo, não?
E quanto ao
Assange, aceitar pedido de asilo do Equador, que problema tem? Outros países
porventura tiveram a coragem de oferecerem asilo pra ele, senão o Equador? O
sujeito que está à beira de ser deportado talvez para uma pena de morte, vai
recusar asilo de ninguém? Se o presidente do Equador faz restrições à imprensa, então que se dê cacete nele, mas não, nunca, na atitude corajosa de receber Assange. Ora, meus
caros dois jornalistas platinos, é elementar, o povo sabe bem, aprendam, cavalo usado não se cobra dentes, não.
Se
não gostam do Assange divulgar crua e de forma documental a história acontecida nos subterrâneos do poder capitalista, como os patrões de vocês não gostavam, desde os tempos da parceria Time-Life, então torçam pra que surjam
outros Assanges divulgando os maus-feitos dos soviéticos, chineses etc. que são
muitos maus-feitos também, tenho certeza. Krutchev, o primeiro-ministro da antiga URSS, por exemplo, expôs no Politburo as barbaridades de Stalin. Divulgar fatos importantes é preciso, senão quem está com o
jornalismo ideologicamente comprometido são vocês dois da Globo e não o
Assange.
Aproveitem,
saiam da cantiga de grilo desde 1964. Aprendam também lendo jornalismo de
verdade, artigos como o que vem abaixo publicado no New York Times, do jornalista
MICHAEL MOORE e do diretor OLIVER STONE,
ambos, estes sim, escritores com letras maiúsculas.
George
Coelho
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