sábado, 29 de março de 2014

Eu tenho medo

Essa estória de judicializar a opinião de quem fala contra personalidade pública que, por ser personalidade pública, atinge a sociedade com suas decisões e atos, essa estória está acabando com a liberdade de expressão no Brasil. É uma autêntica mordaça que faz a sociedade civil ficar presa, sem nada poder fazer, a não ser consentir, ou falar baixinho, ou calar-se, ou falar sim, ou sim Senhor. Sua única arma, da sociedade, pois outras dependeriam das TVs e jornais, que se comportam com interesses escusos como se não fossem frutos de concessões públicas, mídia que, quase sempre, não está disposta a comprar uma briga, ou é conivente, ou trata questões públicas sem a neutralidade necessária dando ranço a viés partidários. Pois bem, diante da judicialização dos costumes, quando se trata de falar mal de agente público, vai virar estória de Trancoso, da Carochinha, da Velhinha de Taubaté, a garantia constitucional da livre expressão. Conversa pra boi dormir; papo insosso pra rábula gastar latim à toa e juiz tirar soneca em recinto togado. Dorme neném...
Talvez seja por isso a razão de muita gente dos twiters e facebooks, que os usa não só pra mandar beijinhos e falar docinho, meu bem, amor, queridinho, você tá lindo, joiado... mas como expressão de uma cidadania pretensamente livre, pessoas assim se sentirem decepcionadas, desiludidas, amedrontadas, encerrando suas contas e optando pelo isolamento do desconhecer ou não mais tentar o embate já vencido de véspera pela parte adversa dominante. Porque quem tem cu tem medo e o poder de uma "democracia", dominada por poucos é tão amedrontador quanto uma ditadura perversa. Pois se esta já disse pra que veio e a gente já se sente prevenido de antemão, aquela "democracia" engana, ilude, tartamudeia, camufla camaleonicamente os fatos, julga conforme a cara do freguês e, no juízo  final, ela mesma diz o direito com a empáfia de figura impoluta, afirmando e mandando cumprir o veredito muitas vezes posto a léguas do medianamente justo. 
"Prendo e arrebento", com licença das palavras do General João Batista Figueiredo, a favor da abertura democrática e da distensão gradual. Me poupe, General! Aos inimigos, os rigores da lei. Tenha dó, Ministro! "Por favor, não saque a arma no saloon. Eu sou apenas um cantor." (Belchior).
Por essas e por outras, e por ter um pouco também do temperamento do ator José de Abreu, faço minhas, com alguns dramas existenciais dele, inclusive o de provavelmente, num mais não sei pra quando, fechar contas no ambiente virtual, a frase: "Sou muito compulsivo. Vejo uma injustiça escrita e vou para cima. Não consigo ficar pensando dez vezes antes de apertar o botão. Eu não sei mais o que eu posso dizer. Fiquei inseguro."
George Alberto





2 comentários:

  1. Bonsoir monsieur Coelho,

    j'ai découvert cette vidéo avec un de mes élèves et j'ai pensé à vous:

    http://youtu.be/ZpKb5I6kxbM

    à bientôt,

    Eric Claude Leurquin

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  2. Bonsoir monsieur Leuquin,
    Prazer em lê-lo novamente. Baudealire é mesmo magnífico.
    À bientôt,
    George

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