sábado, 9 de abril de 2016

Porque o povo não é bobo

Seu Dotô tome tenência
De mexer com esse povo
O Sinhô é muito novo
E lhe falta experência.

Um adjutório vou dar
Pra que o Sinhô se encaminhe
E não mais se descaminhe
Pro falta de boa crença.

Ói, o povo assim é

Até aguenta o mal feito
Mas não de quem o direito
Fez juramento de fé.

O Sinhô com sua coié

Em toda hora foi justo?
Se trata bem os Augusto,
Pro que briga com a muié?

Que o Sinhô tem contra ela?
Que encontrou de errado?
Qual é dela o pecado,
Pra toda essa querela?

Vosmecê acha pouco
O povo tê-la elegido,
Feito mio escoído,
Tantos votos dos cabôco?

Ou é dos que assim pensa
Que gente lá do sertão
Basta só dar circo e pão
Que aceita quarquér ofensa?

Se for assim, pensa torto
Povo não é que nem gado
Que se tange enganado
No meio de alvorôço.

Ói... Ele sabe o que quer
Vê roubo noite e de dia
De santo de sacristia,
Mas nenhum fez a muié.

Não me importa se o Senhor
É juiz, policiá,
Ministro de tribuná,
Se é Gilmar, Moro, Janôt.

Tudo na conta do povo
Que lhe provêm o sustento
Não rasgue seu juramento
Porque o povo não é bobo.

George Alberto de Aguiar Coelho




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