segunda-feira, 9 de abril de 2012

Estado Laico



Jean Wyllys tem a coragem de dizer as coisas, penso eu. Por isso, passei a admirá-lo. O texto seu, em realce abaixo, remexe questões que, de forma hipócrita, muitos auto-ungidos procuradores de Deus escondem aos pobres rebanhos, remoídos que estão estes em remorsos e temores mil no reservar para si uma sobrevivência ao final dos tempos pretensamente assegurada por aqueles, substitutos seculares do Divino. Isso quando não são simples ovelhas iludidas por promessas terrenas de prosperidade mágica a toque de caixa. Assim fragilizados e compungidos, os obedientes discípulos de boa fé servem aos interesses clericais mercantilistas de igrejas de vários matizes ditas cristãs. No passado, tal prática levava o nome de indulgência, remição das penas, perdão e gerou alguns importantes cismas.
Se ficasse apenas nisso, tudo bem, cada um sabe, ou deveria saber, onde o sapato aperta. Mas o problema é a ambição política de tais lideranças e, com esta, a pretensão de impor seus valores ao estado laico, ameaçando-o pelo fundamentalismo religioso. Assim a alerta de Jean muito procede. No trecho seu, transcrito abaixo, coloquei reticências nos nomes mencionados na íntegra do artigo, pois, por via das dúvidas, não tenho a imunidade parlamentar conferida constitucionalmente ao autor deputado. 
De tal forma que a própria lei cria pesados óbices ao cidadão comum, quando do enfrentamento aberto desta e de muitas outras questões de interesse da sociedade. Isso porque o dinheiro reserva para si o poder de contratar os melhores causídicos. Parodiando a velha propaganda do famoso refrigerante: Democracia é isso aí! Iguala-se assim a uma censura legal  preventiva e prorrogativa que acolhe, expande e perpetua ideias e proselitismos impostos a bel prazer e interesse de quem se açambarca nas rédeas do poder e escreve as leis. 
Mas vamos lá, Jean Wyllys, você pode falar e pingar os pontos nos "is". Quem sabe assim nos livremos do fundamentalismo religioso, cada vez mais ferino e avassalador que nos ameaça, nos cala e faz a premissa do estado laico parecer letra morta, ou melhor, letra matada.
"A conquista da cidadania plena e a afirmação do Estado laico e democrático de direito passam pelo enfrentamento aberto e desmascaramento do proselitismo fundamentalista de reacionários como ... e dos pastores e igrejas que financiam campanhas políticas para terem seus privilégios e interesses assegurados, beneficiados que são pela isenção tributária garantida pela Constituição e pela ausência de fiscalização rigorosa do dinheiro que arrecadam com a exploração da boa fé, sobretudo de gente pobre e desesperada."


George Alberto de Aguiar Coelho

http://www.cartacapital.com.br/politica/a-tagarelice-dos-maus/?autor=407


Um comentário:

  1. "Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim." Millor Fernandes.
    Somos felizes quando aprendemos a mudar com o mundo e não o inverso.
    Muito bom o texto, pai.
    Beijos

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