Mozart

Não vou falar aqui agora do compositor austríaco Amadeus Mozart, mas de Mozart, o melhor jogador de futebol que o Fortaleza Esporte Clube já teve. No Ceará, Gildo. No Fortaleza, Mozart. Jogadores da década de 60, época de ouro do futebol cearense. Duvido que apareçam melhores atacantes nestes dois times rivais.

O pai de Mozart Gomes era coronel e, cono se dizia naqueles dias, era doente pelo Fortaleza, time dos campeonatos. A familia dos Gomes morava num sítio cheio de mangueiras em Messejana, na hoje, avenida Frei Cirilo.

Uma vez, ao passar em frente ao sítio, numa "viagem" de Messejana ao centro de Fortaleza, num lentíssimo prefect verde que meu tio Chico tinha, vi a familia Gomes reunida. A alegria de menino foi grande ao vê-los, mesmo de longe, porque torcia, de chorar pelo Leão do Pici.

Mozart era irmão de Moésio Gomes, outro craque, que jogou no Fluminense e foi colega meu - quanta honra! - como professor da Escola Técnica Federal do Ceará. A familia Gomes era toda tricolor de aço. Os Gomes jogavam e participavam também da administração do Fortaleza.

Li uma vez, no jornal O Povo, uma estória de Mozart mais ou menos assim. Numa época, ele queria um certo craque pro time e este, era pretendido também pelo Ceará. Mozart conversou com o moço e este lhe disse que iria pro Fortaleza, se lhe dessem uma geladeira. Mozart respondeu: tá certo, vou lhe dar uma geladeira semi-nova.

Mozart chegou em casa, desligou a geladeira da familia, sem ninguém ver, e ficou esperando o resultado. De fato, sua mulher logo reclamou e Mozart, sem delongas, chamou um rapaz pra levar a geladeira pro "conserto".

Conversou com o transportador pra entregar a geladeira no endereço do jogador com que ele negociava e disse depois, pra mulher, que o eletro-doméstico tava quebrado, na casa do sem jeito e que iria comprar uma geladeira nova pra ela.

A mulher de Mozart ficou satisfeita com a explicação e o jogador pretendido foi jogar no Fortaleza ajudando Mozart a fazer os belos gols de centro avante fora-de-série que era.