sexta-feira, 17 de junho de 2011

Cordialidade brasileira

Em "Raízes do Brasil", Sérgio Buarque de Holanda fala de uma característica bem nossa. Mostra que a contribuição brasileira para a civilização será darmos ao mundo: "o homem cordial". Nossa cordialidade se manifestaria antes na hospitalidade, generosidade etc. do que propriamente no obedecer aos rituais, formalismos e etiquetas sociais que caracterizam a racionalidade, a civilidade. Como exemplo, o japonês é cerimonioso, repleto de rituais que cumpre rigorosamente, quase religiosamente. O brasileiro, não. É antes um ser emocional e as virtudes de sua cordialidade expressam não o obedecimento a normas, rituais, mas uma busca da intimidade com os que se relaciona. Adoramos os diminutivos, porque nos tornamos íntimos de quem os têm: Carlinhos, Aninha, Pedrinho, Ritinha...

Aqui no Ceará, a informalidade é mais forte ainda. Mal alguém se nos apresenta no elevador e já estamos lhe dando tapinhas nas costas, convidando pruma cervejinha, prum barzinho beleza. A coisa é de tal maneira que a propaganda, vendo isso, pelo induzimento do contraste, já nos quer empurrar, goela abaixo e contra nossa natureza, não tão somente a cervejinha, mas o cervejão: "Agora é o cervejã..ããããooo...". O artigo do link abaixo é muito interessante e fala da vantagem que levam no trabalho os profissionais gentis. Interessante é que é baseado em livros de autores estrangeiros. De tal forma que creio tal  melhor resultado (de ser cordial) não se consegue apenas no Brasil: gente gosta de carinho aqui e em todo lugar.

Brasileiro, assim, pode usar a sua natureza cordial, para obter vantagem comparativa no trabalho. Quer dizer: ganhar mais grana. Nada mal, ou mesmo "desde que", aliado à nossa  cordialidade  nata, a gente ponha um pouco de disciplina japonesa no modo de agir. Mas... pensando um pouco melhor: não exageremos com a disciplina. Ora, antes a esculhambação alegre do carnaval do que a radiação racional emitida pelos reatores de Fukushima. 



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