Embriaga-te sempre. É preciso.
Eis a única questão.
Pois o tempo é o fardo horrível
Que nos curva para a terra.
Embriaga-te sem trégua.
De quê?
De vinho, de poesia,
Ou virtude. À tua fantasia.
Mas embriaga-te.
E se por algum caminho,
Ou quarto, em solidão,
Voltar-te, a razão,
Indaga ao vento, à vaga,
Ao pássaro, à estrela, ao relógio,
A tudo que rola, geme, fala,
A tudo que canta, passa,
Pergunta que horas são.
E o vento, e a vaga,
O pássaro, a estrela, o relógio,
Eles te responderão,
De embriagar-te, é hora;
Pra que não sejas, do tempo, escravo,
Embriaga-te agora,
Embriaga-te sem trégua,
De vinho, de poesia,
Ou virtude. À tua fantasia.
De Charles Baudelaire (In Les petits poèmes en prose) http://www.franceweb.fr/poesie/baudel1.htm
Tradução e adaptação: George Alberto de Aguiar Coelho e Eric Claude Leurquin (Professor de Francês - ericboxfrog@ig.com.br)
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