Barra do sol vai quebrar,
Quatro homens tão rolando
Uma jangada pro mar.
A noite deu cruviana,
O dia, bom de pescar
E, se nada agourar,
Mestre Jerome tem fama,
Vai peixe no samburá.
Cavala, ariacó,
Cangulo, serra e guaiúba,
Voam seis paus de piúba,
Até na risca beirar,
Mode Jerome botar
Biquara no samburá.
Venta leve no velame,
Céu aberto sem guarida,
A jangada faz dormida,
Bucha de coco queimando,
Feito vela alumiando ...
E um navio a toda a brida.
Lá fora, noite é escura,
Sentinela dormitando,
Não deu tempo pra evitar,
Brusco choque na piúba,
Jerome sumiu no mar.
À tardinha, o Mucuripe
Não vê ninguém mais chegar,
Só destroço de piúba...
E um resto de samburá.
Jerônimo, na poesia “Jerome”, fez - com Jacaré, Tatá e Mané Preto - o primeiro percurso de jangada até o Rio de Janeiro em 1941: o “raid da São Pedro”. Participou de mais dois “raids”: em 1951, chegou até Porto Alegre; em 1958, novamente à capital federal. O épico da São Pedro inspirou um filme de “Orson Welles”, tendo os próprios jangadeiros como atores.
Em 1965, de madrugada, Jerônimo foi, com o pescador Zezito, pescar no mar, lá pras bandas do Pecém . Não voltou. Sua jangada foi atingida por um navio.
Fontes:
1 Do mar ao museu – A saga da jangada São Pedro. Berenice Abreu de Castro Neves. Museu do Ceará. 2001.p. 15 a 17.
2 Mucuripe – De Pinzón ao Padre Nilson. Blanchard Girão. Fundação Demócrito Rocha, 1998. p. 79, 101 e 102.
http://fortalezanobre.blogspot.com.br/2009/10/mucuripe-vila-de-pescadores-que-virou_21.html
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