sexta-feira, 29 de julho de 2011

Monsenhor Huberto Bruening e a abelha Jandaira

O Monsenhor Huberto Bruening era catarinense de São Ludgero. Viveu na região de Mossoró-RN, ali falecendo em 1995. Conheceu, na prática dedicada e diária de longos anos, a vida das abelhas; especificamente de uma abelha indígena do Brasil, em risco de extinção: a Jandaíra. O Monsenhor é direto e sábio em sua preleção e respeito à natureza. Os escritos abaixo - retirados do livro “A abelha Jandaira. Padre Huberto Bruening. Sebrae. Natal/RN-2006” - são de sua autoria.

“Como não conheço nenhum escrito específico sobre Jandaíra, fui obrigado a freqüentar a escola das Jandaíras, observar seus hábitos, seu trabalho, sua família, sua organização, manias e travessuras. Isto por mais de 30 anos. Serviu de aprendizado, lazer, higiene mental e reconstituinte, passatempo, espanta tédio e sobretudo é o segredo de manter-me em contato com Deus...”.

“Todos os animais respeitam o ambiente em que vivem, menos o homem. O peixe mantém límpida a água em que passeia. O pássaro conserva puro e diáfano o ar que cruza. A minhoca revira o solo mas não o degrada, ao contrário, torna-o mais fértil. A fera mora na selva, percorre-a atrás do sustento sem contaminá-la nem destruí-la. O colibri sorve o alimento do nectário das flores, roça com as suas pétalas delicadas sem deixar sinal de sua visita. A Jandaíra visita milhões de flores para coletar um quilograma de mel, passeia pelos estigmas, estames e anteras para colher pelotas de pólen, sem vestígio de sua presença, pelo contrário: enriquece-as através da polinização. Quanta lição de inseto para o rei-da-criação... o mais violento dos bichos... o mais barulhento.”

“Observemos o estardalhaço dos carros de zoada e o estrondo das motocicletas... fragor de batalha... sem nada produzir, a não ser ruído. Belíssimo exemplo de laboriosidade, de previdência e providência, de frugalidade e economia fornece a Jandaira ao homem consumista e tecnocrata. Ela recolhe sempre que pode e o que pode – e guarda, ensila, economiza, sem nada esbanjar. Guarda até quotas supérfluas, Jandaira não alimenta vícios, como faz o homem. Não fuma, não masca, não se embriaga, não sorve droga, não cheira cola, não se empanzina. Reparte a vida entre trabalho e repouso...”.

George Alberto de Aguiar Coelho
Publicado no I-Decop BC de 15/02/2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário