quarta-feira, 7 de março de 2012

De novo, mudaram de cara.

Por que as interfaces dos programas que a gente mais usa ficam sempre mudando as feições, nem sempre pra melhor? Deixa a impressão de que os caras responsáveis pelo visual das telas gozam de uma impaciência infinita com o que é estável. É tudo uma metamorfose ambulante cibernética. Dá-lhe Raulzito! Ou será por que se preocupam com o usuário a ponto de fazerem com que as mentes destes fiquem devaneando sempre em novos caminhos numa busca terapêutica e de prevenção contra doenças degenerativas neuroniais, tais como o Alzheimer, ou mesmo o simples tédio? Não creio em tais fins filantrópicos. A coisa tá mais pra brincadeira de esconde-esconde às custas do tempo do infeliz usuário.

Agora, por exemplo, estou com a interface do meu facebook irreconhecível para o que era antes. E não estou a fim de sair procurando, feito uma besta, adonde o programador danado saiu escondendo o que antes pra mim estava escancarado às vistas. Sei lá onde meteram agora o item "grupos"? Não vou procurá-lo, mesmo. Se Maomé não vai a montanha que a montanha então vá a Maomé. Vai nada, my friend do facebook. Sou só um dos milhões de usuários da rede conduzido como boi em manada. E foram até democráticos. Ficaram me perguntando se eu queria mudar meu modo de me ver no mundo. E eu dizia não. Que todo mundo queria me conhecer. E eu dizia não. E se eu não queria contar qual foi o dia e a cidade onde nasci e do que mais gosto de fazer. E eu dizia, não. Da coisa "mais" melhor que eu já tinha feito. E eu dizia, não sei. E de tanto responder perguntas bestas, acabei dizendo ao insistente inquiridor um sim, querendo dizer um não. E aí minha interface mudou. Minha vida mudou.

Sei qual é a desse povo. Eles querem é que você saia por aí flanando e clicando feito um desesperado macaco em loja de vender louça. Você sai abestado olhando coisas esparramadas em sua volta que não lhe interessam. Então, pelo artifício mercadológico cientificamente muito do bem estudado, as coisas inúteis se transformam em sôfregas necessidades.

Pra todo programa de massa vale a assertiva de  não deixarem a gente ficar quieto num canto. Ontem, por exemplo, um colega me chamou pra ver a interface do novo Windows: o Windows Oito. A Microsoft tinha feito a delicadeza de liberar a versão beta (pra teste). Aliás tio Bill nuca foi besta. Vai pegar trocentos zilhões de testadores sem lhos pagar uma pila. Pois bem, já fui desconfiado atender ao convite do colega. Eu que praticamente me obriguei, por circunstância de ofício trabalhoso, a conhecer todas as interfaces anteriores do Windows. Me obriguei nada. Me obrigaram, isso sim, porque esse negócio de o produto tá no mercado e você o usa se quiser, é muito do papo furado. Conversa pra boi dormir. Não existe consumidor consciente e mercado livre é uma medonha lorota. Somos presos mesmo desse troço chamado mercado, querendo ou não. Pois bem, eu que fui convidado pelo meu colega a dar um hello pro feto do novo Windows, que promete ser prático, bonito e coisa e tal,  fui ver o menino na telinha .  Mas pro danado, porque ainda está em gestação, nem sei dizer da  estética. É como se o tivesse visto por ultra- sonografia, sem tê-lo nos braços. Olha a batida do coração dele como é bonita! E as formas invejáveis!  Me desculpem não achei nada disso, não. Só pensei no tempo que vou perder pra descobrir onde os brothers geniais do tio Bill esconderam as rumas de ovos de páscoa no brinquedo deles.

Isso tudo é marketing. E os caras de marketing são perversos, em todas as áreas. A malvadeza deles, por exemplo, é uma das razões pra minha ojeriza em fazer compras. Deixo claro que, em supermercado, procuro só adquirir o essencial. Aliás, aqui no Ceará, por razões de origem do dono do primeiro, supermercado é chamado mercantil. Assim, comprar pouco, e só o útil, é o que procuro fazer nos mercantis. Sai mais barato, rápido. Não enche o saco, literalmente; nem dá dor nas costas do peso de carregar apetrechos. Então, saio atrás do feijão, do arroz, da farinha... Arreégua, cadê a farinha que tava aqui? E o feijão, não ficava nessa prateleira, não? Desse jeito, tenho de fazer passeio forçado e ver coisas que nunca me servirão pra só depois descobrir as que quero. Pqp, e as horas? Nem horas sei mais porque, em mercantil,  relógio e tempo de freguês é coisa que não se preza.

George Alberto de Aguiar Coelho

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