quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Culpa de quem mesmo?

Nesse episódio lamentável, tristíssimo da morte do cinegrafista, nem de longe os dois rapazes tiveram intenção, ou avaliaram o resultado fatídico de suas ações.  No entanto, ao dispararem, se é que foram eles, pois há versões diferentes correndo soltas no éter virtual; ao dispararem, assumiram o risco do lançamento do rojão. Infelizmente, acidentes assim, classifico como acidente provocado, se evitariam se, de princípio, manifestantes não levassem instrumentos que pudessem se transformar em armas, tais como: cassetetes, bombas, pedras etc. Armados e de rosto escondido, não são manifestantes, tornam-se marginais.

Evitaria-se também acidentes se os repórteres que fossem cobrir tais perigosos eventos fossem vestidos com equipamentos de proteção e segurança oferecidos pelas redes de TVs em que trabalham. Se um operário trabalha num prédio sujeito à quedas, ou de algo em sua cabeça, é mister, e o Ministério Público do Trabalho exige, que esteja usando equipamentos de segurança. O repórter sobe um morro, durante um tiroteio, vai a uma manifestação onde se joga pedras, e não usa um colete à prova de bala, um capacete metálico etc? Pra mim, a emissora tem também culpa no cartório ao não dar proteção ao repórter.

Mas direis: a polícia pode usar e usa de tais armas e quiçá de outras mais. É verdade. Contudo, a polícia, bem ou mal, representa o estado e está, ou deveria estar, em defesa da sociedade que a paga. Cabe a cada um dos membros da sociedade tentar fazer o possível para que se tenha uma boa polícia, um bom estado. Como fazê-lo com os políticos que temos? Não sei, ou sei, evoluindo. Isso é a utopia do regime democrático, e como utopia parece quase inatingível em nosso estágio atual. Porém, há países que, em grande parte, já conseguiram isso, a Inglaterra, por exemplo.

Policial inglês nas manifestações brasileiras de junho de 2013 em Londres
Foto tirada por Marcel Serra Coelho

Mas já evoluímos muito como sociedade, apesar de aparentemente estarmos regredindo. É que a exposição da internet, das redes, das cobranças aos políticos e castas governamentais diversas, das tecnologias em geral, dos sites que mostram de onde provêm os recursos da sociedade e aonde são aplicados,  criaram uma importante transparência nas contas de governos. Tal transparência expõe vísceras, antes completamente escondidas, do sistema. E vísceras sempre têm cheiro nauseabundo. 

George Coelho.


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