Cursava Direito, quando um colega
de sala, por sua competência de fato na área jurídica, foi convidado pela
professora de Direito Civil pra dar uma aula pra gente sobre Pessoa Jurídica. Voluntário forçado, mas de conversa leve e sadia, começou a aula dizendo que era de Iguatu, cidade do sertão do Ceará.
E em Iguatu, tinha um bodegueiro,
considerado o sábio da cidade, pelas respostas que dava às perguntas mais
diversas que lhe faziam os iguatuenses. Como não lembro o nome do dono da
bodega dito pelo meu colega e do outro personagem da estória, vou batizá-los aqu,
começando pelo bodegueiro-sábio, Seu João. Assim, fica melhor de eu contar o
leriado.
Seu Joáo respondia de tudo e de
forma ligeira o que lhe perguntavam. Nunca perdia viagem, sem resposta no
capricho, quem o consultasse. Mas um dia alguém chegou na bodega do Seu João e
sapecou a pergunta: Seu João, o que é uma Pessoa Jurídica?
Vixe! A resposta não bateu na
cachola do sábio do Iguatú. Pelo menos de imediato, Seu João mudo ficou. Nas
raras vezes em que isso acontecia, seu João, na certa por um tique nervoso ou
pra não deixar transparecer a ignorância, andava pela bodega, quem sabe à
procura da saída. E a resposta não deixava de acudi-lo. De vexame, nunca passou Seu João fosse que fosse desalmada a inquirição.
Mas dessa vez tava danado,
demorava de vir resposta. Pessoa Jurídica? Seu João pensou, pensou, saiu do balcão da
bodega e foi até à porta de onde, casualmente, olhou pra extensão da praça à
frente de seu comércio onde imperavam umas carnaubeiras numa quina. E eis que ali passava embaixo um respeitoso senhor, todo de surrados terno e gravata azul-escuro, a caminho
do fórum. Era o Dr. Solón, juiz da cidade.
Seu João sorriu aliviado e virou
para o inquiridor. Pessoa Jurídica? Essa é fácil. O Dr. Solón, por exemplo, aquilo é que é uma Pessoa Jurídica.
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