terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Só basta uma dor de barriga

Desde que Alexandre Fleming, no St´s Mary´s Hospital de Londres, em 1928, descobriu a penicilina, milhões de vidas foram salvas e a longevidade humana deu um salto gigantesco. Porém, o uso indiscriminado de antibióticos fez com que perdessem seu poder contra as bactérias. Antibióticos se usam aos montes, desde a criação de porcos à criação de camarão em Aracati e foi até suscitado seu uso preventivamente contra as cracas que navegam intrujonas enganchadas nos cascos de navios. Resultado: se se encontra bactérias em todo canto do mundo, restos de antibióticos também estão disseminados.

Pronto, o caldo tá pronto. Setenta por cento do mundo bacteriano já desenvolveu resistências às drogas existentes. Porque para as bactérias, mais do que para os humanos, vale a máxima: o que não lhe mata, lhe deixa mais forte. E de fato as bactérias vão se fortalecendo a cada dia. Quem acompanhou doentes em ambiente hospitalar sabe disso.

Então que pra combater tais super-bactérias, novas drogas precisam ser desenvolvidas. Mas o rol destas novas drogas parece estar diminuindo, ou pelo menos ter limites, enquanto que para as bactérias, a sua capacidade de mutação é ilimitada. De tal forma que a humanidade está numa sinuca de bico. Só na Europa, 25.000 pessoas morrem por ano por conta de bactérias super-resistentes. Sem falar que o estratosférico preço de novos antibióticos, seja para pagar as pesquisas de seu desenvolvimento, seja para alimentar a cupidez da indústria dos fármacos, destrói qualquer orçamento de saúde. Não há SUS que aguente ordem de Juiz pra comprar remédio caro.

Assim, sem querer ser catastrófico, mas já sendo, a luta do homem contra as bactérias parece, desgraçadamente, pender para estas. O homem então poderá ser extinto, não por meteoros, vulcões, terremotos, por guerras nucleares, pela fome, ou por aniquilamento do inteiro ambiente, mas  por esses microscópicos seres vivos chamados bactérias. Minha mãe já repetia: mutuca e mucuim é que tira boi brabo do mato e é uma dor de barriga bem dada nos nós das tripas que derruba a empáfia do vivente soberbo.


Mote:
http://s.telegraph.co.uk/graphics/projects/antibiotic-resistance/index.html

a highly magnified view of a dividing Escherichia coli bacteria, clearly displaying the point at which the bacteria's cell wall was dividing

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