Numa casa minha, na Cidade dos Funcionários, soube que pessoas nos arredores reclamavam de dois Paus Brasis plantados por mim há 25 anos na calçada.
Sombreiam muito e podem esconder marginais, diziam, contudo, ao estacionarem os carros, escolhiam justamente as sombras das duas árvores e de mais dois sapotiseiros da mesma casa plantados na área interna do jardim.
Num tristíssimo dia, visito a casa e encontro as duas árvores decepadas. Como sempre - é o que ocorre hoje no Pantanal - não descobri o autor da barbárie. Peço pro inquilino sair e não planto mais as duas árvores para substituir as assassinadas.
Salvaram-se os dois sapotiseiros por estarem dentro do quintal, mas um pé de acerola, o inquilino disse que adoeceu e morreu da doença. Certamente também fazia sombras pra esconder marginais.
Desfiz-me enfim do inquilino o mais rápido que pude, embora o desejo de decepá-lo só me tivesse passado pela minha cabeça nem de longe cristã. Porém a mesma distância não pude criar com a vizinhança.
"É chegado o tempo da peste quando loucos dirigem cegos." William Shakespeare, que teria nascido nos tempos da peste bubõnica, frase imortalizada no Rei Lear.
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