quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Meias Verdades

Acrescentando às estratégias de manipulação do público, sintetizadas em 10 pelo linguista e pensador Noam Chomsky (vide resumo no primeiro link abaixo), eu adicionaria aquela tão comum na mídia nacional, e também estrangeira, de dizer a verdade pela metade, suprimindo a outra metade também verdadeira, mas que não   é de  interessa mostrar. 
Por exemplo, vendo há uns dias a rede de televisão americana CNN, falava a emissora das estratégias utilizadas pelos novos ditadores do mundo. Tais estratégias seriam diferentes das do passado de Mao, Idi Amin Dada, de ditadores da Libéria e da África em geral. Os novos ditadores, e aí a CNN dava como exemplos principais os da Síria, Coréia do Norte, China, Rússia e Venezuela, usavam a estratégia de sufocarem os movimentos populares no nascedouro; fiscalizarem as redes sociais com infiltrações constantes a favor do governo etc. 
Onde quero chegar? A mídia, no caso a CNN, pretensamente, em sua reportagem, estaria preocupada com a democracia no mundo? Ledo engano. 
Ora, caso a democracia, e com ela a verdade factual, fosse o alvo buscado pela rede de televisão, ela teria dito, por exemplo, que, embora fizesse reservas aos regimes da Rússia e Venezuela, os seus dirigentes foram eleitos pelo povo. Também caberia colocar, dentre as ditaduras mencionadas, outras importantes que foram omitidas no rol da emissora, governos que quando precisam são sanguinários, dentre as quais certamente deveria constar o  da Arábia Saudita, monarquia totalitária cujos príncipes lambem as botas do sistema dominante capitalista, representados, nas areias caudalosas de óleo dos desertos árabes,  por companhias petrolíferas americanas. Companhias que, através de seus prepostos no poder americano promoveram guerra contra o Iraque, sustentada em mentiras da existência de armas de destruição em massa supostamente possuídas pelo ditador Sadan Hussein. De tal forma, que suprimir que a Arábia Saudita é uma ditadura encapada na forma de reino feliz é mais uma forma de manipulação do público. A outra meia verdade escondida.
No caso brasileiro, dou um exemplo recente: o mensalão. Até a Velhinha de Taubaté, personagem  simpática e ingênua criada pelo escritor Luis Fernando Veríssimo, sabe que não houve apenas um mensalão. Pelo menos dois outros aconteceram, prática corrente de longa data. O mensalão petista está sendo severa e corretamente punido, em parte por grande pressão da mídia, cujo trombone faz passar, sem o ser, por opinião pública. Contudo, o outro mensalão, o tucano, foi posto de lado, enxotado pra Justiça de primeiro grau, por raciocínio que conflita com o usado no mensalão petista, julgado pelo STF. Como se ambos não guardassem a mais profunda semelhança! De tal maneira, que o mensalão tucano está fadado ao esquecimento e à prescrição nas prateleiras poeirentas da Justiça de primeiro grau, com o beneplácito da corte suprema.
Querem outro exemplo de omissão da mídia tupiniquim: o caso Daniel Dantas que, segundo a Operação Satiagraha, estaria umbilicalmente ligado à privataria tucana e ao mensalão. Após os dois julgamentos de habeas-corpus estranha e rapidamente concedidos por duas vezes por Gilmar Mendes. Pois bem, após a estrambótica medida protetiva, Daniel Dantas foi liberado e dorme em liberdade, em berço esplêndido.
E muitos outros fatos há que comprovam a falta de compromisso da mídia com a verdade por inteiro. De tal sorte, divulgando meias verdades, os meios de comunicação, geralmente familiares, manipulam diariamente o público quando contam um fato verdadeiro que lhes interessa e omitem outro fato verdadeiro, conectado ao primeiro, avesso à divulgação. 

George Alberto de Aguiar Coelho

Fontes:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=313029838795054&set=a.183865888378117.37349.183441948420511&type=1&theater
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-retrato-do-pais/
http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/8954/53284.shtml.shtml

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