“- Vocês
precisam se alistar! Nós precisamos meter o peito na política! Quem sabe se
operários e trabalhadores, reunidos, não endireitam esta anarquizada República
de bacharéis e de soldados?”
Saltou de lá
um matuto:
“- Qual!
Negóco de Gunverno pra mim é mesma coisa que criação de porco... A gente ricói
um capado magro no chiqueiro. Bota um jacá de mío, de menhã; bota outro jacá a
mei-dia; bota outro jacá à boca da noite: - de menhã, o chão tá limpo... O
porco, vai comendo e vai engordando, vai engordando inté não pudê mais de
gordo: - os óio empápuçado, as oreia caída,
bochechão estufado... Tá gordo, só qué dormir e roncá. A gente não precisa mais
nem botá jacá de mio, basta uma espiguinha: - ele larga. Já
comeu muito, tá gordo, tá enfarado... Esse é o imperadô! Mas, República?!... A
gente ricói um, antes desse um engordá, sai e entra outro: - não hai mío que
chegue!...”
George AA
Coelho
Fonte:
Leonardo Mota. Sertão Alegre – Poesia e linguagem do sertão nordestino. ABC Ed. Fortaleza Ltda., 2002, p.77
Fonte:
Leonardo Mota. Sertão Alegre – Poesia e linguagem do sertão nordestino. ABC Ed. Fortaleza Ltda., 2002, p.77
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