O cálculo do presidente da Câmara Federal sobre sua viagem e a de parentes no avião da FAB não está correto. Tá errado e é erro grosso. No caso, se tem de considerar não é o preço de uma passagem em voo comercial, mas o fato de que, pelo visto, houve requisição do avião. Assim, o avião não teria um outro objetivo senão o de levá-los ao jogo do Maracanã. Ouvi por aí que um voo desses não sai por menos de R$ 100.000,00, importa pouco se estava carregado, se tinha 40 passageiros ou só os parentes do deputado, o custo é praticamente fixo por viagem.
Essas coisas de requisitar aviões da FAB com objetivos, digamos assim, não republicanos devem ser bem antigos, comuns no Congresso, é coisa corriqueira. Por exemplo, o Presidente do Senado, diz a reportagem, foi a um casamento de filha de um outro senador, requisitando para tanto um avião da FAB. Indagado sobre o fato, Sua Excelência se negou, de princípio, a ressarcir o erário, dizendo que estava representando o Senado. Depois voltou atrás: vai ressarcir, segundo o que calcula serem os gastos de passagens. Ora, o que tem a ver a República (Res Publica, ou seja, Coisa Pública) com casamento de filha de senador? Que diabos de representação é essa? Fazer cortesia com o chapéu alheio? Assim, a viúva (República) que se dane.
E tem também, como torcedor da seleção no jogo do Maracanã, à custa do erário, o Ministro da Previdência Social. Segundo o jornal Folha de São Paulo:
"A aeronave saiu às 14h de sexta de Fortaleza e chegou às 17h no Rio. Em entrevista à Folha Garibaldi contou que deu carona a um amigo, o empresário Glauber Gentil. Ambos viajaram num avião que comporta 10 passageiros.
"Eu não iria passar o fim de semana em Natal [terra do ministro]. Se fosse voltar para Brasília, teria optado por lá. Mas havia programado ir ao Rio. Fui para passar o fim de semana e ver o jogo", disse. "Me senti no direito de o avião me deixar onde eu quisesse ficar", afirmou o ministro. "Já fiz isso outras vezes, porque na volta fico sempre no destino que eu me programei. Pedi com antecedência, senão ministro entra na fila." Ele ganhou ingresso do Ministério do Esporte para o Maracanã e disse ter gostado do jogo. "Quem não gostou?"
Boa Ministro, gostei também, mas paguei meu ingresso. Muito boa essa de se sentir no direito de o avião lhe deixar onde o Senhor quiser. Só estou preocupado é se todos os passageiros que andam de avião, a grande maioria pagantes, se sentir também no direito de deixar Boeings, em vez de Learsjets, pra pousar onde quiserem.
E pra não falar só em legislativo e executivo, pincei o excerto abaixo de reportagem do Jornal do Comércio de Recife:
Pelo artigo publicado (link abaixo), chega-se a conclusão de que membros da Suprema Corte gostam de passear em recessos, férias com suas esposas, usando recursos públicos. Fazendo o quê? Eu não sei, mas com diárias e passagens pagas pelo erário, fica estranho. Eita vestais da Justiça! Como podem julgar os outros se não dão o exemplo?
Motes:
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,renan-recua-e-diz-que-vai-devolver-r-32-mil-por-uso-de-aviao-da-fab,1050524,0.htm
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1306607-ministro-da-previdencia-tambem-usou-jato-da-fab-para-ver-jogo.shtml
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