Muito bom o texto da fonte abaixo mostrando
os cinemas que já passaram pela cidade. Faço três observações. A primeira,
ainda menino passava pelo Atapu , hoje esquina da Pontes Vieira com a rua
Joaquim Távora. Antes, não existia a avenida Pontes Vieira, nem a continuação
até ali da avenida Treze de Maio. Nem tão pouco a avenida Aguanhambi feita pelo
prefeito engenheiro Vicente Fialho. Aguanhambi onde a gente via muitas
lavadeiras batendo e quarando roupas nas pedras do riacho, com as pontas de
vestidos enfiadas entre a s pernas e rodilha de pano na cabeça. A rua Joaquim
Távora, se não estou enganado, era chamada de Calçada da Mecejana (Mecejana se
escrevi erroneamente com "c" e não dois esses); calçada porque a rua
Joaquim Távora era calçada em paralelepípedos bem assentados. A rua Joaquim
Távora era a única via de acesso de carro à Mecejana. Então, menino, me lembro
de ver, no Atapu no lado do sol, os dizeres "Cine Atapú". Foi no
Atapu que meu tio Chico da Mecejana (com "c") bateu num carregador de
surrão de farinha que estava bêbado e atravessou à frente do sonolento prefect
verde do tio Chico. Tio Chico tinha ido ali no Atapu, que então se chamava assim o
lugar, comprar resíduo na Feira do lado, pra dar de comer a umas vagas que
mantinha em Mecejana. Acabou que a gente teve de levar o bêbado atropelado pra
Assistência Municipal e, desconfio, ele além do cheiro característico de
cachaça, adquiriu mal cheiro nas partes dos debaixos, decorrentes do pavor de
ter sido quase atropelado. No final, o homem ficou bonzinho de tudo, menos da
catinga que, menino, me enojava. Só foi um susto. Sempre que vou pra aquela
região de táxi, digo pro motorista: me leve por Atapu. Só um deles me respondeu que
conhecia. Então perguntei a ele a origem do nome. Não sabia, o motorista, nem
eu. Agora, no texto, finalmente aprendi que foi por causa da fama do Cine
Atapú. A segunda observação que faço é sobre outro cine que ficava no lado da
sombra das esquinas das ruas Antônio Pompeu com Barão do Rio Branco. Pra mim,
diferentemente do que diz o texto, conheci-o com outro nome, cine Samburá,
e não Cine Araçanga. A terceira observação é quanto à figura do cearense Luiz
Severiano Ribeiro. Pense num cara danado. Fazer um monopólio de exibição de cinema em todo o Brasil! O cine São Luiz, por exemplo, é um
primor de sala de exibição de cinema. Modéstia e ignorância minha à parte, não
conheço cine mais bonito do que aquele da Praça do Ferreira, onde as meninas do
meu tempo iam nas matinées assistir as cabriolices do rebolador Elvis Presley e a gente,
nas pouquíssimas vezes que tinha dinheiro, ainda era obrigado a vestir paletó
pra entrar. Foi ali que eu conheci o ar condicionado. E bem perto dali na loja
Quatro e Quatrocentos andei, pela primeira vez, espantado... andei de escada
rolante.
George
George
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