Em termos grosseiros, uma das diferenças que se vê entre o mega-empresário americano para um mega-empresário tupiniquim é que o primeiro retorna para a sociedade um pouco do muito que ganha. Faz parte da cultura deles. A sociedade até os cobra, se não procederem assim. Os donos da bufunfa aqui, diferentemente dos de lá, via de regra, são unha de vaca quando se trata de atender a interesses coletivos. Se fazem doações, visam só o que vão abater do imposto de renda. E se o fisco não se cuidar, toma prejuízo por obra assistencial inexistente. Empresários fajutas que não patrocinam museus, não colaboram com universidades, não entregam um terreno seu para uma praça. Se sujam o meio-ambiente, com o produto que lhes dá renda, não colaboram em retirar a sujeira produzida. Se recebem concessões do estado ou empresas doadas pelo mesmo em negociações tenebrosas, não se sentem minimamente incomodados em espoliar o cidadão através dos preços altos e péssimo atendimento. Deviam se espelhar num Bill Gates, num Rockefeller, pelo menos quanto à gratidão externada por estes à sociedade pelo muito que receberam. E olhem que muitos da plutocracia devem literalmente ao povo o seu bem estar econômico, seja por subvenções, empréstimos oficiais subsidiados, obras públicas obtidas em licitações duvidosas, pra não pegar pesado, eleições corrompidas, beneficiários de administrações que se preocupam em atendê-los a pão de ló. Uma estrada vai ser construída, e lá se vão eles, com a informação isolada em primeira mão, adquirindo os terrenos contíguos e adjacentes em todo o trajeto da mesma, para revendê-los depois a preços de ouro. Empresários assim não dão bom exemplo pro povo que, por não ter dinheiro, casa pra morar e a lei consigo, partem pras invasões, como a que se deu em Pinheiro, São Paulo em 2011. Invasões tratadas na porrada oficial, embasada em justiça lépida, a mesma justiça que é lerda em puni-los nas contravenções biliardárias e conchavos com o poder de plantão. Quero citar uma exceção, e há outras, mas bem poucas diante de um universo de mentalidade empresarial paupérrimo nas suas classes mais altas, o paraibano fundador dos Diários Associados, Assis Chateaubriand. Muito embora toda a estampa mista de cangaceiro e cidadão Kanes, com a ajuda do italiano Piero Bardi, fundou e entregou obras extraordinárias para o MASP -Museu da Arte de São Paulo. De tal forma que não adianta falar em consciência social, quando ela inexiste. É só mais um chavão pra obter a aprovação da sociedade num jogo puramente midiático. Que surjam Bill Gates por aqui.
Escrito em 26.jan.2012
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