Triste Partida
Patativa do Assaré
Cantada por Luiz Gonzaga e Gonzaguinha
Setembro passou
Outubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós,
Meu Deus, meu Deus
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
Ai, ai, ai, ai
Outubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós,
Meu Deus, meu Deus
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
Ai, ai, ai, ai
A treze do mês
Ele fez experiência
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal,
Meu Deus, meu Deus
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natal
Ai, ai, ai, ai
Há 100 anos, a treze do mês de dezembro de 1912, na cidade de Exu, Cariri pernambucano, nascia o sanfoneiro Luiz Gonzaga. Todo dia treze de dezembro é dia de Santa Luzia. Assim, é dia de lembrar os dois eventos com Luiz Gonzaga cantando Triste Partida de Patativa do Assaré, seu vizinho, poeta cearense da serra de Santana do Cariri. Como tudo é imbricado no sertão caririense, Santana, talvez por inspiração da Serra, era o nome da mãe querida e cantada em versos do Rei do Baião. E por que Triste Partida? Porque nela Patativa evoca a dor do êxodo do nordestino pro Sul, por causa das secas que assolam, de quando em quando, a terra árida castigada pelo sol inclemente. Então, pro Nordestino, saber de seca é coisa vital. Chegado setembro, o sertanejo faz augúrios. Dentre as experiências pra prever tempo bonito de chover, ou tempo feio de sol, tem a experiência das pedras de sal. No dia de Santa Luzia, o sertanejo coloca seis pedras de sal no relento, cada uma representando os meses de janeiro a junho do ano seguinte. Conforme cada pedra se dissolva no sereno da noite, assim será o inverno nos meses do ano seguinte. É de se dizer que, no Nordeste, inverno não tem o conceito convencional de estação climática, mas se está chovendo. Por aqui, as chuvas se dão de janeiro a abril, ou mais tardar maio, quando não ocorrem as secas, como as de agora, uma das piores dos últimos 100 anos.
Viva Seu Luiz! Viva Santa Luzia!
Viva Seu Luiz! Viva Santa Luzia!
George Alberto de Aguiar Coelho
Aquarela de Sandra Maria de Aguiar Coelho
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