sábado, 26 de outubro de 2013

Faz conta dum piqui

Em cordéis, literatura popular do Nordeste do Brasil, é comum uma poesia ser conhecida com palavras ligeiramente diferentes e a sua autoria ser atribuída a lugares e pessoas distintas.

Por exemplo, li não sei onde, que um ceguinho no Crato-CE estava numa feira pedindo esmolas e passou um desses vendedores de piquis catados na encostada Serra do Araripe. O ceguinho pediu então ao distinto um piqui e o catador, morador da redondeza, negou. O ceguinho, puto com o cara, lascou na viola.

Terra boa é o Cariri
Tem cachaça e cajuí
Tem muita moça bonita
E cabra bom no fuzi
Mas ao redor de dez légua
Tem cada fi-duma-égua
Que faz conta dum piqui. 


A mesma poesia, li num livro de Rodrigues de Carvalho (1), fora um improviso de um feirante em certa vila sertaneja, no alto sertão da Paraíba.

Em cima daquela serra
Tem caju e cajuí
Tem muita moça bonita 
E cabra bom no fuzi  
Mas em redó de três légua
Tem cada fi de uma égua
Que nega até um piqui. 

George Alberto

(1) Rodrigues de Carvalho (Alagoinha-Pb, 18.12.1867 — Recife, 20.01.1935). Cancioneiro do Norte. 3ª. Ed.. Comemorativa do nascimento do autor. RJ. 1967. P. 1093 (2) Fuzi - rifle

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