Brasileiro queimando bandeira do Brasil? É muita burrice e
falta de respeito pro país que deveriam defender, no qual vivem e que lhes dá o
sustento. Certamente, quando parte dessa turma tem a oportunidade de viajar pro
exterior, fica embevecida com as bandeiras e símbolos
nacionais que muitos cidadãos de outros países ostentam em suas casas. Duvido
que ousariam queimá-las, vilipendiá-las. Não só porque seriam presos no ato,
mas pela subserviência de suas mentes que não suportam a ideia de brasilidade.
São os que aqui jogam cotôco de cigarro, sacos plásticos dos carros, ou de
ônibus e, se vão a Miami, sabem o lugar de cada lixeira onde respeitavelmente
botam seus abundantes lixos. E aí dizem: ah! isso é que é país civilizado.
Falta
a essa gente, além de patriotismo, um certo senso de história. Independente de
suas ideologias, preferências partidárias, os caras carecem de olhar um pouco
pro passado pra aprender as lutas pregressas do seu país. A integridade do nosso
território, eu que não sou religioso, tenho como um verdadeiro milagre. Muito,
mas muito mesmo, dessa integridade se deve aos militares que atuam nas
fronteiras desse imenso Brasil. Deve-se a um D. João VI, a um Barão do Rio
Branco que pensavam na Terra Brasilis e, sem frescuras, o defendiam de armas
nos dentes. Deve-se a violência avassaladora e violentíssima dos bandeirantes
ocupando o interior em viagens sem garantia de volta. Deve-se aos cearenses,
piauienses que respectivamente empurraram na barriga a linha de Tordesilhas,
levando-a a território boliviano e ocupando os chapadões goianos.
Certo é que tivemos várias ameaças de quebra de nossa
integridade territorial. No início do império brasileiro praticamente o país
quebrou-se em dois. Do Ceará pra baixo, o país de D. Pedro I. Do Piauí para
cima a continuação do império português. Graças unicamente a cearenses como Tristão de
Araripe, Pereira Filgueiras e piauienses armados de foices que, mesmo
derrotados na Batalha do Genipapo-Pi, com cerca de 100 mortos, imprensaram o
comandante das tropas portuguesas Fidié em Caxias-MA. Então que Pereira Filgueiras,
comandante das tropas cearenses e piauienses, em vez de receber de D. Pedro I o mérito de ter salvo a metade do Brasil, foi esquecido e quem foi condecorado e amealhou grana, sem ter
feito absolutamente nada pela façanha, foi o almirante inglês Lorde Cochrane.
Preconceito contra o Nordeste e viralatice imperial.
Assim também lutaram os pernambucanos pra restabelecer a
unidade nacional, na época dominada pelos portugueses, e sem que estes movessem
uma palha, os pernambucanos mandaram os holandeses pra bem longe. Ainda teve
uns doidos querendo separar o Rio Grande do Sul do resto do país. O que conseguiriam? No máximo, um outro Uruguai. E teve a chamada
Revolução Constitucionalista Paulistana que, se se investigar bem o motivo de
querer se separar São Paulo do resto do pais, a razão está ligada à continuação da política do café com leite e não à ideias constitucionais.
Hoje, o Brasil é grande, sexta economia do mundo, ambicionado por nações mais ricas, corre
riscos crescentes de perder território. O vasto território da Raposa do Sol,
Roraima, situado em região de fronteira, por exemplo, é um caso emblemático de
pusilanimidade e vacilação grave do STF quanto à soberania brasileira. Cheio de
nióbio, ouro, manganês e quiçá petróleo, pode ser açulado por uma dessas nações
que são useiras e vezeiras em criar ditaduras e guerras civis pro benefício dos seus trustes. Vide os recentes
episódios de Iraque, Afeganistão, Kosovo, Líbia, Síria, Irã, Ucrânia. Não será surpresa pra mim se sublevarem
a Raposa do Sol e aí a perderíamos em nome de uma nação indígena.
O velho preconceito com o Nordeste manifestado por D.Pedro I ao
relegar o militar cearense Pereira Filgueiras condecorando em seu lugar um
lorde inglês, Cochrane, continua como se se quisesse atingir a própria brasilidade.
Como resposta, no passado Pernambuco e Ceará fizeram duas revoluções de
independência: 1817 e 1824, com fuzilamento dos seus líderes. Fiquemos alerta pra que brigas eleitorais e
regionais não as recriem novamente.
George
Mote: