sábado, 14 de junho de 2014

Torce contra nossa seleção

Me admiro como tem gente hoje que torce contra nossa seleção canarinha por motivos políticos. A lógica usada é que uma vitória do Brasil favoreceria o atual governo . E mais vão suas fantasias delirantes e ridículas quando dizem, à cada vitória da seleção, que esta vitória foi obtida por compra à Fifa, ao Juiz, ao escambau. Foi assim ontem com a vitória duríssima do Brasil sobre a Croácia. Se apegaram ao penalty em cima de Fred, que ele não existiu e não sei quê mais. Mais pareciam argentinos a comentar o jogo do Brasil. Esqueceram que também o Juiz marcou um impedimento inexistente contra o Brasil cuja jogada favoreceria nosso time com grande possibilidade de gol, caso não houvesse sido marcado a inexistente falta. E que ganhamos de 3 a 1, dois gols de diferença. 

Aconteceu assim também na Copa das Confederações quando um Brasil brioso derrotou a Espanha de Iniesta por 3 a 0. Fulminaram: foi tudo encomendado. Imagino agora quais seriam os comentários que essa gente teceria caso tivesse sido o Brasil, e não a Holanda, a ganhar hoje de 5 a 1 da mesma Espanha campeã do mundo de Iniesta. No real, se passa que muita gente anda torcendo contra o Brasil. A antipatia por não terem quem querem no poder, com mais chances ainda de se perdurar tal situação por mais 4 anos, faz com que essa turma não distinga preferências partidárias do amor ao seu país. Torcer pelo grupo que simpatiza vale mais que torcer pelo seu país. Eita, brasileiros esquisitos esses aí. Não é à toa que ganharam a pecha de portadores do complexo de vira-latas.

Devo admitir que gente é gente seja de que cor se veste. Também é verdade que em 1978, houve o 6 a zero do general Jorge Rafael Videla contra os peruanos. E que em 1970 muita gente achou o Tricampeonato brasileiro com o Médici assistindo jogo de radinho de pilha e querendo escalar o Dadá Maravilha no time do João Saldanha... Pois é, muita gente achou e se diz com muita certeza que os gritos dos torcedores nos estádios e nas ruas silenciaram os gritos nos porões da ditadura. Mas se tudo isso é verdade, mais ainda o é que não vivemos hoje regime de exceção. Tanto é assim que a Presidenta do país sofreu ataques de gente mal-educada no jogo e estádio de futebol de estréia, com palavras de baixo calão e atos obscenos, e nada aconteceu com os distintos torcedores que pensam deter o monopólio do saber de que o Brasil carece pra ir em frente. Torcedores que protestam contra a Copa e vão assití-la. 

Imagino isso, vaia de nome sujo (Vai tomar no c...) acontecesse contra o Videla ou o Médice, se alguém houvesse de os detratá-los, até com palavras suaves. Com o Videla nem se precisa imaginar, não. É só ver o depoimento de um jogador peruano pegado de cuecas no vestiário visitado pelo General antes do jogo Argentina versus Peru. “Não sabia se terminava de me vestir, o que poderia ser interpretado como falta de educação, ou parava o que estava fazendo e se o cumprimentava seminu”, relatou um dos jogadores ao colunista esportivo Ricardo Gotta, autor de “Fomos Campeões”, livro que analisa a polêmica Copa realizada na Argentina." Além de trigo e troca de prisioneiro pra despejo de tupamaro do Uruguai de helicóptero no mar, o General no seu jeito muito persuasivo, cofiando o vasto bigode, disse aos assustados peruanos “que era um especialista em toda demonstração mais ou menos explícita de intimidação”. Outros tempos, da direita no poder.


http://blogs.estadao.com.br/.../21-de-junho-de-1978.../

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21 de junho de 1978: Videla entra no vestiário dos jogadores peruanos e fala sobre ‘solidariedade’

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